São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 1997
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Liberdade de expressão; Pacote fiscal; Ponto de vista; Perigo vermelho; Preconceito; Fascinação; Zebu; Bola da vez; Curiosidades; Enfoque infeliz; Canudos; O pincel e o real

Liberdade de expressão
"A prisão dos integrantes do grupo Planet Hemp em Brasília, na madrugada do último domingo, é um duro golpe na liberdade de expressão.
Não gostar da música do grupo, tudo bem. Ser contrário à liberação do consumo da maconha também é um direito. Não se pode, porém, impedir que aqueles que defendem a discriminalização das drogas manifestem sua opinião.
Isso lembrou-me os tempos do Departamento de Censura Federal, responsável pela palavra final sobre o que os brasileiros deveriam ver e ouvir. Agora, é esperar para ver se não se tornará moda prender gente que prefere usar sinceridade ao manifestar suas idéias."
Marcos Roberto Burghi (São Caetano do Sul, SP)
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"A respeito da prisão dos integrantes do grupo Planet Hemp, penso que isso talvez sirva de exemplo a milhares de jovens que imaginam que o uso da maconha não pode fazer mal algum. É o fato de incitar o uso da droga, sem nenhuma informação moral ou científica, fazendo apologias, que deve ser condenado. Se os mal-informados rapazes do Planet Hemp usam maconha, que guardem o mal para eles, sem influenciar quem não tem nada com isso."
Ricardo Pinheiro Lima (São Paulo, SP)

Pacote fiscal
"Tão fajuto quanto o próprio Plano Real é a irresponsabilidade desse pacote. O governo aproveita a questão da crise mundial para mais uma vez arrochar os salários e espezinhar os pobres e os desempregados."
Florisvaldo Oliveira de Andrade (Osasco, SP)

Ponto de vista
"O presidente Fernando Henrique Cardoso é a versão atualizada e abrasileirada do dr. Jekyll e Mr. Hyde, a magistral criação literária de Stevenson. Para os banqueiros, políticos da situação, empresários de multinacionais e o capital especulativo externo, é o bom e preocupado médico. Para a classe média, funcionalismo público e militar, aposentados, pequenos e médios empresários, professores e a classe pobre, agora desempregada e 'submergente', é cruel, que emerge do seu criador."
Pedro Galassi de Freitas Pereira (Uberlândia, MG)

Perigo vermelho
"O programa de Jô Soares, no SBT, tem sido um dos mais ativos veículos de disseminação do chamado 'comunismo difuso'. Um dos últimos entrevistados, Apolônio de Carvalho, foi ao programa lançar o livro de sua autoria: 'Vale a pena sonhar'. O entrevistador não economizou louvações à 'ação revolucionária' de Apolônio.
Não discuto a possível coragem física de Apolônio, mas, sim, o fato de que ele sempre lutou o 'mau combate', em prol de um sistema social discricionário, totalitarista e sanguinário."
Aimar Baptista da Silva (Campinas, SP)

Preconceito
"Uma demonstração lamentável de preconceito. É o mínimo que pode ser dito sobre a frase que Luis Inácio Lula da Silva utilizou para exigir uma definição de seus possíveis aliados em relação às eleições de 1998: 'ou decidimos entrar no mesmo barco ou vamos ficar nessa viadagem' (Folha, 7/11)."
Wilson H. da Silva, Secretaria de Gays e Lésbicas do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado -PSTU (São Paulo, SP)

Fascinação
"Sensacional Carlos Heitor Cony na edição de 9/11 em seu artigo 'Pelos salões arrastando', na Folha. O jornalista é um dos poucos que vê o país como o povo o vê. A verdade é que a maioria da mídia está seduzida pelos dotes intelectuais do presidente e, por isso, continua fazendo a leitura do Brasil através de óculos cor-de-rosa: não enxerga e não vê grassar o desemprego, a miséria, a fome e o desrespeito às instituições.
Apesar disso, nos resta uma esperança: ainda temos jornalistas."
Oswaldo dos Reis (Votuporanga, SP)

Zebu
"Gostaríamos de fazer alguns comentários a propósito do artigo 'O poder e o zebu', de Carlos Heitor Cony, publicada na Folha do dia 4/11.
Conhecedores da fina ironia e do tom crítico que perpassam todos os seus textos jornalísticos -e cientes de que a crônica é um gênero em que predomina o lado subjetivo do autor-, podemos entender e respeitar a sua posição.
Mas esperamos que o jornalista modifique seu ponto de vista sobre a Expozebu, que é completamente equivocado e apenas expressa um lamentável preconceito e uma triste discriminação contra o setor rural."
João Antonio Prata, 1º vice-presidente e presidente em exercício da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (Uberaba, MG)

Bola da vez
"Nos meios financeiros internacionais se diz que o Brasil é a 'bola da vez', após as quedas das Bolsas asiáticas.
Se FHC for cabecear essa bola, como disse à imprensa na Venezuela, certamente ficará com uma tremenda dor de cabeça."
Octavio Placucci (São Paulo, SP)

Curiosidades
"Sobre o artigo de Otavio Frias Filho 'Lições de fora e de dentro', em 30/10, não é curioso que um alemão, um negro e um libanês decidem sobre o rodízio, mas que algumas de suas curiosas consequências sejam chamadas de 'piada de português' por um jornalista cujo sobrenome é Frias de Oliveira?
O senhor não sente um pouco de vergonha, um pouquinho de constrangimento?"
Antonio Augusto (São Paulo, SP)

Enfoque infeliz
"Continua lamentável a cobertura que a Folha tem feito do tenista Gustavo Kuerten. Palavras como fracasso, falta de resistência, queda livre, não combinam com um tenista excepcional, que terminou uma temporada de sucesso com conquistas históricas para o país."
Fernando de Sampaio Barros (São Paulo, SP)

Canudos
"O caderno Mais! de 21/9, à pág. 6-5, traz o artigo do sr. Antônio Carlos Olivieri intitulado 'Sermões numa Caixa de Madeira', a propósito do centenário da morte de Antônio Conselheiro. Reportando-se a um livro manuscrito a ele atribuído e encontrado no local em que vivia o líder de Canudos, diz o jornalista que 'até o momento' a autenticidade do manuscrito 'não foi contestada'. Engano. Na verdade, até o momento ninguém conseguiu provar que o manuscrito seja de autoria do conselheiro. João Pondé, que o achou, nunca afirmou que o documento fosse original do célebre Maciel. Disse apenas que o achou em Canudos, no dia 5/10/1897. Os 'conselheiristas' consultados na ocasião, segundo Pondé, limitaram-se a dizer que era aquele o manuscrito que, 'em vida', acompanhava o bento em seus últimos dias."
Adelino Brandão (Jundiaí, SP)

O pincel e o real
"Segundo uma piada de 'hospício', um louco estaria em cima de uma escada pintando o teto de seu quarto quando o outro louco disse: 'vou levar a escada'. Ao que o primeiro respondeu: 'pode levar, eu me seguro no pincel'. A situação atual brasileira é análoga. O pincel é o 'real', e a escada representa o desenvolvimento agrícola e industrial, emprego etc.
Os analistas honestos avisam: 'a escada vai cair'. Ao passo que FHC responde: 'não faz mal, eu me seguro no 'real' (pincel)."
Francisco Santana (Salvador, BA)

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