São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997
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Secretário cria comissão de apuração

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário das Administrações Regionais, Alfredo Mário Savelli, confirmou ontem que a perua placas GY-4258 pertence à Administração Regional da Sé e criou uma comissão de averiguação para investigar a acusação de cobrança de propina e espancamento contra o vendedor ambulante.
Segundo a Administração Regional da Sé, a perua é utilizada para fiscalização de ambulantes e apreensão de mercadorias.
No dia da agressão, sete fiscais compunham a equipe que utilizou o veículo.
Os trabalhos da comissão devem começar hoje, quando serão ouvidos os funcionários que utilizavam a perua no dia da agressão.
Os nomes dos funcionários não foram divulgados, apenas o primeiro nome do motorista do veículo: Pio.
Apuração
O futuro dos funcionários ainda não é certo. Segundo a Regional da Sé, eles devem ser afastados do trabalho de rua, e desempenharão apenas funções administrativas durante a averiguação.
Savelli, no entanto, disse que só a Secretaria dos Negócios Jurídicos pode definir o destino dos funcionários, por causa da legislação trabalhista. "A gente quer punir infrator e acaba lhe dando direitos de defesa descabidos"
Apesar de a suposta agressão ter acontecido há um mês, Savelli disse ter tomado conhecimento do incidente ontem.
Na Regional da Sé, segundo a assessoria de imprensa, também não há denúncia de agressão ou de cobrança de propina registrada naquela data.
"Acho lamentável ter acontecido uma coisa dessas", disse Savelli.
Corrupção
O secretário atribuiu as diversas denúncias de corrupção envolvendo fiscais contra ambulantes à ilegalidade em que a atividade dos camelôs é exercida hoje.
Para o secretário, a corrupção só vai deixar de existir com a construção de camelódromos que a prefeitura planeja construir.
"Só poderemos resolver o problema quando tivermos lugar para eles (os camelôs) irem", afirmou Savelli.
O secretário afirma que o controle dos fiscais tem que ser feito pela própria população, e acha inviável a implantação de um sistema eficaz para fiscalizá-los.
"Não adianta ficar contratando 40, 50 Sherlock Holmes. A população é que tem que ser o mecanismo de controle. Tem que denunciar, que nós tomaremos as medidas cabíveis", afirmou o secretário.
Para Savelli, as várias denúncias envolvendo corrupção contra ambulantes neste mês deve-se "à pressão" que a secretaria está exercendo sobre a atividade. "Antes, estava todo mundo acomodado."

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