São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 1997
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Para indústria, juro alto por mais de 6 meses anula efeito de pacote

ISABEL VERSIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) prevê que, se as taxas de juros forem mantidas nos atuais patamares por seis meses, os efeitos do pacote fiscal anunciado pelo governo serão inteiramente anulados.
O presidente da CNI, senador Fernando Bezerra, faz o seguinte raciocínio: para rolar sua dívida de cerca de R$ 200 bilhões, a uma taxa média de 1,8%, o governo gasta R$ 3,6 bilhões ao mês. Em seis meses, o gasto seria de R$ 21,6 bilhões.
O valor já é superior aos cerca de R$ 20 bilhões que o governo espera economizar com os cortes de despesas e aumentos de impostos anunciados na segunda-feira.
"Além de tornar inócuo o pacote de ajuste, a manutenção da taxa por muito tempo levará a uma brutal recessão, com efeitos inexoráveis sobre a taxa de desemprego", afirmou Bezerra.
Até agora, segundo ele, a indústria ainda não está demitindo seus funcionários por estar na expectativa de que os juros baixem. Mas o comércio já teria começado a cancelar seus pedidos, o que teria efeitos sobre o emprego logo.
Para Bezerra, o ajuste fiscal deveria ter sido feito mais pelo lado do corte de despesas do que pelo aumento das receitas. "A carga tributária já é muito alta e o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados e das tarifas públicas terão um ônus enorme para a indústria", disse o senador.
Ele afirmou que a CNI é contra o aumento do Imposto de Renda da Pessoa Física, mas também não acha que o aumento da alíquota da Contribuição sobre Movimentação Financeira seja uma alternativa para aumentar a arrecadação do governo. "A CPMF é um imposto em cascata e por isso tem efeitos muito negativos sobre o 'custo Brasil"', disse Bezerra.
Como medidas compensatórias ao pacote fiscal, Bezerra propôs a redução do Imposto sobre Operações Financeiras de 15% para 6%. Defendeu o fim do PIS e da Cofins e a adoção de medidas adicionais para reduzir o "custo Brasil". As iniciativas, segundo ele, ajudariam as empresas a aumentar a competitividade de seus produtos.
Bezerra disse que a CNI apóia o pacote. Ele afirmou que a economia nacional estava vulnerável e precisava ser defendida. O momento, diz Bezerra, é de "unidade nacional" e exige o esforço de todos os setores da sociedade.

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