São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Para Itamar, pressa vai 'esgarçar' PMDB

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente Itamar Franco disse ontem que o PMDB -partido a que se filiou e pelo qual poderia disputar a Presidência da República ou o governo de Minas Gerais- vai se "esgarçar" por aprovar a moção de apoio à reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso em 98.
A medida foi tomada anteontem pelo Conselho Político da legenda. Compareceram ao encontro 40 dos 60 integrantes do órgão. Foi uma derrota do presidente da legenda, Paes de Andrade, defensor da candidatura própria, e do próprio Itamar, e uma vitória de FHC.
Precipitação
Itamar afirmou que os peemedebistas que defendem o apoio ao presidente Fernando Henrique Cardoso e os militantes do PMDB favoráveis à candidatura própria estão sendo precipitados.
Para ele, ainda não é o momento de decidir nada a respeito das eleições de 98.
"Acho um despropósito o que o PMDB está fazendo", afirmou. "Fazem uma moção hoje, de apoio ao presidente ou de (apoio a) candidato próprio, mas a convenção que tem validade é a de junho de 98. Não há nenhum vínculo que obrigue a convenção (a seguir a moção aprovada)."
É a antecedência da decisão que poderá levar, no raciocínio de Itamar, à esgarçadura do partido, por causa da disputa acirrada, que não vai cessar em consequência da decisão tomada pelo Conselho Político.
O ex-presidente sinalizou com a declaração que a derrota no órgão não o fará desistir da luta interna no partido. O interesse de Itamar, agora, é adiar ao máximo a decisão definitiva do PMDB sobre as eleições de 98. "Não sou líder do partido, sou apenas um 'histórico' do PMDB", afirmou.
Boicote
A ala do PMDB ligada a Paes de Andrade boicotou a reunião do Conselho Político, mas os governistas do partido tinham votos para impor sua vontade.
Eles também não avalizaram a proposta de prorrogação dos mandatos dos integrantes da Executiva Nacional, deixando aberta a possibilidade de destituição de Andrade.
O presidente do PMDB quer marcar convenção para janeiro, mas os governistas se mostram contrários à idéia. Isso poderia acontecer se a ala governista resolvesse destituir Andrade.
Uma convenção em junho -quando, por lei, se encerra o prazo para definição de candidaturas- conta atualmente com o apoio dos governistas, do próprio Itamar e do senador José Sarney (AP), outro potencial candidato à Presidência da República.
Itamar se recusou a analisar o pacote econômico do governo, mas disse que o PMDB deve se posicionar a respeito das medidas. Isso, segundo ele, não tem relação com a definição de candidatura própria ou apoio a FHC.
Casamento
Itamar está no Rio para o casamento de uma de suas filhas, Fabiana, com Fábio Varejão, de uma família de pecuaristas do Espírito Santo.
A cerimônia religiosa e a a recepção acontecerão no Jockey Club Brasileiro, no centro do Rio, amanhã. Cerca de 600 pessoas foram convidadas para a festa.
Depois de passar a manhã no hotel Glória, onde está hospedado, o ex-presidente saiu acompanhado da filha, da amiga June Drummond e de assessores.
Foram almoçar no hotel Copacabana Palace e fazer compras no shopping Rio Sul. Ali, ele foi cumprimentado por eleitores, que lhe perguntaram sobre a economia.
"Sou tratado sempre com muito respeito", afirmou.
Algumas pessoas o pararam para perguntar se ele será candidato a presidente, mas, como de hábito, Itamar desconversou.
Embaixador do Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos), o ex-presidente ficará no Brasil até o dia 28. Depois, voltará para os Estados Unidos.

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