São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Ações de empresas privadas caem mais

DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas estatais estão se saindo melhor do que as empresas privadas na comparação do desempenho das ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. A comparação leva em conta a variação do preço da ação do dia 1º de janeiro a 12 de novembro.
Segundo levantamento realizado pela consultoria Economática a pedido da Folha, a maior desvalorização registrada na Bovespa neste ano foi com as ações da rede de lojas Arapuã PN. As ações caíram 85% no período.
Nesse mesmo período, a ação de empresa estatal que apresenta a maior queda é a Telepar ON, que teve seu preço desvalorizado em 44,6%, sempre entre os dias 1º de janeiro e a última quarta-feira.
A principal explicação para a maior desvalorização dos papéis de empresas privadas se deve ao que os investidores do mercado financeiro conhecem por liquidez, ou seja, volume de negócios.
Como as empresas estatais possuem maior liquidez, ou seja, são mais procuradas pelos investidores, a queda termina sendo menor, já que é maior a chance de aparecer um investidor interessado em comprar o papel.
Já as empresas privadas são menos procuradas -quando há uma crise, essa situação se torna ainda mais grave e os preços tendem a cair mais, como de fato mostram os números do ranking.
Outro dado importante que mostra como as ações das empresas de controle privado estão sofrendo mais com a turbulência das Bolsas é o número de ações que caíram mais de 59% desde janeiro.
Entre as empresas de controle privado, 15 delas aparecem com queda superior a esse índice.
O levantamento da Economática traz ainda um dado interessante. Entre as empresas estatais, o setor que mais se destaca, entre as maiores desvalorizações, é o de telecomunicações.
Telecomunicações
Entre as empresas privadas, o setor que se destaca são as indústrias de bens de consumo, cujas vendas devem cair nos próximos meses.
Na análise de Alberto Lopes Coelho, da consultoria Austin Asis, as altas taxas de juros, o aumento dos impostos e a queda da Bolsa podem levar algumas empresas do varejo à falência.
Somente as empresas sólidas, pouco endividadas, com estoques adequados à demanda, poderão escapar, avalia Coelho.
A queda das ações das empresas do varejo, acredita, pode não ter reflexo imediato, assim como a alta dos juros, mas terá impacto no futuro.
Por enquanto, diz Lopes Coelho, as empresas de varejo estão mais preocupadas com os efeitos dos juros altos, do aumento da inadimplência e dos impostos da pessoa física. "Tudo isso contribui para uma forte redução das vendas."

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