São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Franco espera redução do déficit externo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Gustavo Franco, disse ontem a jornalistas estrangeiros que o pacote fiscal editado pelo governo poderá, em teoria, reduzir à metade os dois déficits mais importantes do país: o das transações correntes e o do setor público.
Franco também disse que novas medidas poderão ser adotadas para enfrentar a crise. "Tomamos essas medidas e poderemos tomar outras. O tempo dirá", disse. Pelas previsões do presidente do BC, o déficit em transações correntes, que em setembro estava em 3,89% do PIB (Produto Interno Bruto), poderia ser reduzido a pouco menos de 2% do produto.
No outro déficit apontado por Franco -o nominal do setor público-, o país registraria em 1998 um resultado de 2,34% do PIB. Em agosto, o déficit nominal do setor público estava em 4,68% do produto.
Transações correntes
O resultado das transações correntes é o mais importante indicador das contas externas, pois revela a dependência do país em relação ao capital estrangeiro.
Nesse indicador são incluídas as transações do Brasil com outros países, como comércio exterior (exportações menos importações), serviços (juros, fretes, turismo etc) e transferências unilaterais (dólares remetidos ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Somente de janeiro a setembro deste ano, as despesas do Brasil nesses itens superaram as receitas em US$ 22,633 bilhões.
Boa parte da crise do mercado financeiro no Brasil se explica por esse déficit -pois, para financiá-lo, o país é obrigado a atrair capitais estrangeiros.
Caso a tese sugerida por Franco se confirme, de janeiro a setembro de 1998 o déficit externo ficaria restrito a US$ 11,316 bilhões.
Déficit nominal
Já o déficit nominal do setor público considera a execução dos orçamentos de Estados, municípios, União e empresas estatais.
Ao explicar a redução dos déficits à metade, Franco usou a hipótese de que o pacote fiscal editado pelo governo vá ter um impacto de pouco mais de 2% do PIB. Segundo avaliação do governo, as 51 medidas vão permitir um ganho fiscal (redução de gasto e aumento de receitas) de R$ 20 bilhões.
Até agora, entretanto, o governo vinha se recusando a até mesmo esboçar o efeito que o pacote vai ter nas contas públicas e externas.
No anúncio das medidas, os integrantes da equipe econômica disseram que era difícil avaliar os efeitos da alta de juros na economia e a influência das turbulências que ocorrem em outros países.
Para o presidente do BC, é "um exagero absoluto" as projeções que alguns analistas estão fazendo sobre os efeitos que a alta das taxas de juros tende a provocar nas despesas com a dívida pública.
Segundo ele, a alta de juros teve um impacto inicial favorável ao governo, pois a maior parte da dívida embute taxas prefixadas.
Nas contas externas, disse Franco, o impacto do pacote fiscal deve ser ainda maior, pois haverá queda no crescimento econômico.

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