São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997 |
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'Globalização é um estado de coisas'
LUCAS FIGUEIREDO
A opinião é compartilhada pelos argentino Roque Fernández (ministro da Economia) e Carlos Ruckauf (vice-presidente), pelo inglês John Bond (executivo-chefe do HSBC, banco de Hong Kong) e pelo espanhol Felipe González (ex-primeiro-ministro), reunidos no encontro de empresários em Bariloche, na Argentina. Liberdade "A globalização não é algo que se deva estar a favor ou contra: é um estado de coisas. Não se pode ter medo da liberdade", afirmou o ministro da Economia argentino. "Mais liberdade econômica, e não menos. É um erro sustentar que o futuro é o passado. Não se combate uma infecção hoje com os mesmos antibióticos de 50 anos atrás. Não é com dirigismo senão com mais liberdade que temos que agir", fez coro o vice-presidente da Argentina. O governo brasileiro tem se posicionado internacionalmente a favor de mecanismos de controle do capital especulativo. Felipe González alertou para os perigos de um "Estado raquítico" e sugeriu que é preciso estudar com mais profundidade o fenômeno da globalização. Crise dramática "Tenho a preocupação de que a globalização da economia não seja acompanhada pela globalização do progresso. Teremos então uma crise dramática, com aumento dos fluxos migratórios", disse o ex-primeiro-ministro espanhol. Mesmo assim, afirmou que "não é razoável pensar que a movimentação de capital deva voltar a ser como era no passado. Estará condenado ao fracasso quem tentar colocar barreiras (ao capital)". "Alguns dizem que a globalização não serve. Mas são palavras vazias. É difícil ter controle sobre o capital", sentenciou John Bond, executivo-chefe do HSBC, de Hong Kong, um dos países mais afetados com a crise nas Bolsas. Veja agora a opinião de participantes do encontro de Bariloche sobre outros temas: Crise mundial nas Bolsas: "É somente uma parada e não o fim do processo de crescimento. Mercados turbulentos não podem sobrepor décadas de sucesso da economia asiática." (John Bond) Perspectivas para Brasil e Argentina: "As perspectivas continuam sendo boas. Nós, do HSBC, temos muitos planos e estamos investindo no Brasil e na Argentina porque acreditamos no futuro da região." (John Bond) "A satisfação é absoluta com as medidas adotadas pelo Brasil. Os dois países vão superar essa crise." (embaixador da Argentina no Brasil, Jorge Hugo Herrera) "Talvez a exportação de automóveis em seja menor que a projeção inicial, o que não significa menos exportação em relação a 97. O pessimismo talvez não corresponda à realidade. Ainda é cedo para fazer avaliações mais objetivas." (presidente da Fiat da Argentina, Vicenzo Barello) Vulnerabilidades: "O Japão é o país que mais nos deveria preocupar neste momento." (John Bond) Texto Anterior: Financeiras enfrentam queda de 70% a 80% nos negócios Próximo Texto: Senado aprova SFI sem mudanças Índice |
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