São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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Greenspan rejeita mudança cambial

Presidente do Fed vê efeito 'modesto' na crise

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), Alan Greenspan, disse ontem em depoimento ao Congresso que, como regra geral, desvalorizações da moeda "não ajudam" nenhum país.
"A desvalorização pode criar vantagens competitivas a curto prazo. Mas essas vantagens são logo corroídas pela inflação", argumentou Greenspan ao responder perguntas sobre desvalorizações de moedas na Ásia.
Mas, no caso da Ásia, Greenspan acha que a desvalorização era inevitável porque os países estavam com reservas baixíssimas e não tinham mais como sustentar o câmbio.
Greenspan e o subsecretário do Tesouro Lawrence Summers estiveram ontem na Comissão de Finanças da Câmara dos Representantes (deputados) para responder perguntas de parlamentares sobre a atual crise nas bolsas da Ásia.
Segundo Greenspan, a atual convulsão nos mercados asiáticos terá efeitos apenas "modestos" na economia norte-americana e não constitui ameaça à prosperidade dos EUA. Summers concordou com a análise de Greenspan.
"Nosso sistema financeiro é suficientemente robusto e os interesses das instituições financeiras dos EUA na Ásia suficientemente pequenos para que se possa prever qualquer risco significativo à estabilidade financeira interna", disse Summers.
Os comentários de Greenspan e Summers não parecem ter tido grande impacto nas bolsas norte-americanas, que continuaram operando em discreta alta após o depoimento, como já estava acontecendo antes dele ocorrer.
Apesar de acharem que os efeitos da crise asiática não serão grandes sobre os EUA, eles defenderam a participação norte-americana nos esforços para sanear as finanças dos países afetados diretamente.
Os EUA já anunciaram que participarão com US$ 3 bilhões do pacote de US$ 23 bilhões organizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar os países da região.
Anteontem, o Federal Reserve resolveu manter inalteradas as taxas de juros nos EUA, apesar de continuar preocupado com a possibilidade de um crescimento da inflação como resultado do aquecimento da economia interna e dos baixos índices de desemprego registrados no país nos últimos anos (4,7% é o nível atual).

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