São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
BNDES financia a recompra de ações pelas próprias companhias CHICO SANTOS CHICO SANTOS; ISABEL CLEMENTE
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) anunciaram ontem medidas tomadas pelo governo para estimular que empresas recomprem nas Bolsas suas próprias ações. A recompra evita que os preços dos papéis continuem caindo. O BNDES vai abrir, na próxima semana, uma linha de financiamento de R$ 1 bilhão para as empresas interessadas em comprar suas próprias ações no mercado. O anúncio foi feito ontem pelo presidente do banco, Luiz Carlos Mendonça de Barros. Algumas horas antes do anúncio feito por Mendonça de Barros, a CVM, órgão responsável pela regulamentação e pela fiscalização do mercado de ações, divulgou a instrução nº 268, aumentando a parcela passível de recompra pela empresa emissora de 5% para 10% do total dos papéis em circulação. Nem o BNDES, que é a principal fonte de financiamentos de longo prazo da economia brasileira, nem a CVM assumiram que a medida tinha o objetivo de ajudar a conter a turbulência na Bolsa. "A linha mantém as características dos financiamentos para privatizações estaduais, de curto prazo e mais caros. Foi planejada pelo banco para ser uma reciclagem dos recursos que já voltaram ou estarão voltando para o seu caixa", disse o presidente do BNDES. "Esse dinheiro (R$ 1 bilhão) veio da venda de ações que o BNDESpar -o braço financeiro do BNDES- fez ao longo deste ano. Vendemos cerca de R$ 4 bilhões em ações da nossa carteira", disse Mendonça de Barros. Segundo o presidente do BNDES, o novo financiamento também conta com o retorno dos créditos concedidos pelo banco como antecipação de privatizações estaduais, como a da CPFL. Mendonça de Barros informou que o banco já recuperou mais de R$ 1,7 bilhão. A linha terá um prazo de seis meses, prorrogável por mais um semestre, e poderá ser solicitada por empresas estatais e privadas. O custo do financiamento será calculado pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), o indexador básico dos empréstimos do BNDES, mais juros de 8% ao ano. Os riscos para a concessão dos créditos, segundo Mendonça de Barros, serão analisados caso a caso. Empresas compram A decisão do BNDES vai ao encontro de um comportamento que vem pautando várias empresas em relação ao mercado de ações. Sadia, CSN e Unibanco são alguns exemplos de companhias que já haviam anunciado intenção de manter uma política de recompra de suas ações. O interesse das empresas em fazer essa operação também foi a explicação oficial da CVM para o aumento do percentual de recompra permitido. Mas na nota explicativa que divulgou junto com a circular, ela reconhece que um dos efeitos da recompra é "a sustentação dos preços dos papéis". Texto Anterior: Medida da Receita pode prejudicar Encol; Obras serão afetadas por pacote, diz Padilha; Petrobrás quer reduzir US$ 800 mi em compras Próximo Texto: Mendonça nega estar sustentando as Bolsas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |