São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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SERIAL KILLERS !

ALVARO MACHADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A arte encara o tema de frente -e também de perfil e de costas, como nas fotos policiais-, não sem provocar escândalos de proporções diversas.
Seja em retratos factuais, ficções deslavadas ou glamourizações fashion, uma horda de serial killers toma de assalto palcos brasileiros, estrela filmes de vários países, provoca atentados em exposição londrina, frequenta o mundo da moda e se espalha pela Internet e pela televisão.
À maneira de espécimes raros, logo após sua captura -76% foram presos nos EUA-, matadores seriais começam a ser tratados como ícones. Estrelam entrevistas, comic books, postais e camisetas, e a ficção não costuma tardar para fabricar personagens à sua imagem e semelhança.
Uma nova investida de serial killers nas artes pode ser assistida também no Brasil. A partir deste mês, o vampiro de Curitiba -o emblemático tarado das páginas de Dalton Trevisan- terá companhia à altura, com os assassinos que protagonizam duas estréias teatrais na capital paranaense.
"Killer Disney" apresenta ao país o premiado dramaturgo inglês Philip Ridley, 37, já conhecido aqui como cineasta ("Reflexo do Mal"). A peça, traduzida para 16 línguas, estréia no próximo dia 21, pelas mãos do grupo Satyros.
Já a companhia Vigor Mortis, especializada em grand guignol -gênero de horror surgido na França no início do século-, apresenta "PeeP", texto do dramaturgo e diretor Paulo Biscaia Filho que cataloga obsessões de 13 serial killers famosos, incluindo um brasileiro.
Moda
No mundo da moda, assassinos são hype em fato e em ficção. Meses depois da execução de Gianni Versace e da suspeita de reprodução de cenas da morte da atriz Daniella Perez em catálogo de grife brasileira, a morbidez homicida ganha holofote em editorial de moda inglês.
O cinema apresenta novas produções sobre o tema, em títulos dos EUA, México, Áustria e França, e, na exposição "Sensation", da Royal Academy de Londres, uma obra retratando a serial killer Myra Hindley vira caso de polícia.
O culto killer reflete-se ainda na televisão norte-americana, que traz o tema em duas séries, exibidas "broadcast" nos EUA e no Canadá.
Segundo seu autor, Chris Carter (de "Arquivo X"), a série "Millennium" é "um flagrante da pior parte do comportamento humano", com seu herói munido de poderes místicos para entrar na psique dos assassinos.
Já "Profiler", com exibição na rede NBC, remete ao filme "O Silêncio dos Inocentes" ao mostrar cientista-detetive do FBI sendo caçada por serial killer de alto Q.I.
Também nos EUA, o tema tornou-se motivo, em setembro último, de um raro caso de censura na Internet, contra endereço virtual com depoimentos de condenados por homicídios múltiplos.

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