São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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"Alien 4" ressuscita a tenente Ripley

MARIANE COMPARATO
DE PARIS

Apesar de ter morrido no terceiro episódio da série, a tenente Ripley volta a matar alienígenas em "Alien 4 - A Ressurreição". Com estréia no Brasil prevista para o final de março do ano que vem, o novo filme traz, além de Sigourney Weaver como Ripley, Winona Ryder, Dominique Pinon e Ron Perlman nos papéis principais.
Desta vez, a direção é assinada pelo francês Jean-Pierre Jeunet, que escreveu e dirigiu "Delicatessen" e "Ladrão de Sonhos".
Clonada por cientistas, Ripley "renasce", 200 anos depois, feita de material genético humano e alienígena. Sua personalidade agora é ambígua, e sua relação com os aliens se torna até carinhosa. "Como ela é metade alien, você nunca sabe que lado dela vai sair", conta Sigourney, que havia dito que não faria um quarto "Alien".
O que a fez mudar de idéia? Segundo ela, a história, que consegue ser diferente, e a nova personalidade de Ripley (leia entrevista nesta página).
Em "Alien 4", cientistas fazem experiências de clonagem humana com alienígenas. Uma equipe de "piratas do espaço", integrada por Call (Winona Ryder), Vriess (Dominique Pinon) e Johner (Ron Perlman) contrabandeia corpos de seres humanos para os experimentos. Mas algo dá errado e todos tentam escapar da nave.
A série, que nunca repetiu nenhum diretor, contribuiu para lançar cada um deles para o sucesso. Em 79, o escolhido foi Ridley Scott, que depois filmou, entre outros, "Blade Runner" e "Thelma e Louise".
Para a continuação, foi a vez do então desconhecido James Cameron tomar as rédeas.
Finalmente, para o terceiro episódio, um obscuro diretor de videoclipes na época, David Fincher, assume o comando. Ele alcançou o sucesso com o thriller "Seven".
Jeunet, que já era consagrado na França, escalou os mesmos atores com quem havia trabalhado em "Delicatessen" e "Ladrão de Sonhos": Dominique Pinon e Ron Perlman. "Quando li o roteiro, logo imaginei um personagem para Dominique e outro para Ron. Ainda bem que o estúdio concordou."
O toque pessoal do diretor francês para a série foi o humor, característica presente em todos os seus filmes: "Para cada cena, eu tinha de achar alguma idéia, mesmo que fosse um detalhe. O maior desafio foi manter meu espírito e fazer um filme norte-americano o bastante para agradar a platéia dos EUA".
A Ripley clonada é cínica, muitas vezes distante dos humanos, dos medos e receios da equipe que a acompanha. Isso acontece em cenas como quando, horrorizada, a equipe vê Ripley arrancar a língua de um alien morto e oferecê-la a Call: "Tome esta lembrancinha", diz ela. Ou quando um dos membros da equipe desconfia do comportamento de Ripley, ameaçando-a: "Quem é você?". "Sou a mãe do monstro", responde cinicamente Ripley.
Acostumado a filmar seus próprios roteiros, Jeunet se disse um pouco frustrado: "Por um lado, quando já está pronto, é muito fácil modificar, enfeitar mais o roteiro. Mas é como se fosse um filho adotivo, não legítimo".
Marc Caro, com quem Jeunet assinou a direção de seus filmes precedentes, fez alguns figurinos para "Alien 4". "Mas só durante duas semanas, porque ele odeia calor e não dirige. Já imaginou, em Los Angeles?", brinca Jeunet.

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