São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997 |
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CRASH DOS EMERGENTES O aspecto mais chocante da crise financeira global é a rapidez dos contágios sucessivos. Já não se pode falar em crises localizadas. Mas ainda há dúvidas sobre o impacto da instabilidade sobre o sistema mundial. Ontem o presidente do Fed (banco central dos EUA) declarou que a tormenta nas Bolsas é irrelevante para a economia do seu país. Ele acredita que a crise asiática terá efeitos modestos sobre os norte-americanos. É uma visão que ao menos em parte encontra respaldo nas opiniões de analistas e de investidores globais. Mesmo reconhecendo que as dimensões do "crash" ultrapassaram as expectativas, para eles a crise afeta principalmente os mercados emergentes, em última análise. Trata-se de uma turbulência que eleva a incerteza nos mercados da Ásia, do Leste Europeu e da América Latina. Greenspan defende seu argumento citando os dados relativos às exportações dos EUA para os mercados asiáticos em crise: Tailândia, Filipinas, Indonésia e Malásia respondem por 4% das exportações norte-americanas. Outros 12% vão para Hong Kong, Coréia, Cingapura e Taiwan. Nem por isso os EUA estão completamente isolados dos tremores. Afinal, mais que dobrou o peso dos mercados emergentes como importadores de produtos manufaturados dos EUA nas últimas duas décadas. O governo de Bill Clinton chegou mesmo a cunhar a expressão "Big Emerging Markets" (grandes mercados emergentes) para definir sua nova estratégia de política comercial em escala internacional. É importante lembrar também que, dos títulos públicos e privados dos EUA, um terço está atualmente nas mãos de investidores japoneses e chineses. Se esses credores periclitarem, os EUA serão afetados. Enfim, uma "débâcle" nos países pobres não é de todo irrelevante para o país mais rico do planeta -do qual é a virtual locomotiva. Mas é temerário ver a crise atual, um "crash dos emergentes", como um episódio fatal para a economia global. Próximo Texto: IR, DEMAGOGIA E ELITISMO Índice |
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