São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 1997
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IR, DEMAGOGIA E ELITISMO

Os arroubos de parlamentares do PFL contra o aumento nas alíquotas do imposto de renda da pessoa física são demagógicos e, se tiverem resultado, protegerão os estratos mais ricos da população. Além da atitude condenável de obter dividendos políticos à custa da crise, o partido escolheu opor-se ao remédio fiscal com menos efeitos colaterais.
A alta de combustíveis, por exemplo, atinge a produção, prejudica as exportações e pressiona os preços de todos os produtos, inclusive os essenciais. Mas os pefelistas preferiram insurgir-se contra o pequeno aumento do imposto de renda que, como se vê na tabela, só atinge mais significativamente os que ganham R$ 5 mil, R$ 10 mil por mês.
Mesmo com o aumento previsto no pacote, o imposto de renda no Brasil ainda é um dos menos progressivos do mundo. A alíquota máxima passa de 25% a 27,5%. Nos EUA é de 39,6%; na Alemanha, de 53%. Mesmo na América Latina, a maioria dos países têm alíquota de 30% ou mais para os de maior renda individual.
Essa condescendência com os rendimentos altos contribui para manter a enorme desigualdade social no Brasil. Os demais tributos acabam incidindo sobre os preços, o que onera mais que proporcionalmente a grande massa de assalariados pobres e de classe média, além de prejudicar o desenvolvimento da indústria e do país. Será um retrocesso se, neste momento de dificuldades que atingem a todos, o PFL conseguir proteger exatamente os mais ricos.

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