São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997 |
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All that jazz
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Talvez a melhor expressão fosse a síndrome do "stand up comedian" -gênero em que aquele sujeito fica de pé diante de um microfone dizendo gracinhas para entreter o público. Algumas das performances do sr. presidente e seus assessores ao longo da semana os credenciam, desde já, a uma temporada no Palace ou no Canecão. Alguns consultores e empresários dizem que a mídia (a Folha, particularmente) estaria sendo "alarmista" na cobertura da crise financeira, o que traria prejuízos ao país. É fácil explicar os problemas colocando a culpa no "cassino global", nos "pessimistas" ou no Congresso. A lógica -a mesma professada pelo governo- é simples: tudo daria certo se não existisse a imprensa, o Congresso e... o mundo! Artigos e artigos foram escritos demonstrando as vulnerabilidades do real -e a equipe econômica, evidentemente, tinha pleno conhecimento dos riscos que corria. A Folha talvez seja culpada de ter alertado diversas vezes, desde o início da crise asiática, em meados do ano, para a possibilidade de reflexos negativos no Brasil. Sempre recebendo como resposta a ironia e a empáfia de economistas do governo. Os mesmos que agora, em ritmo de comédia maluca, costuraram o pacote recessivo e baixo astral -necessário, necessário- que caiu sobre nossas cabeças. Quanto aos empresários, ficaram, eles sim, alarmados. Não precisam de jornais para isso. Sabem pelo computador, pelos seus assessores, consultores e governantes tudo o que está ocorrendo. Apenas alguns não acham conveniente que os outros -a plebe rude- venham a saber. Por que os tucanos não apresentam um projeto para a liberalização do consumo de maconha? Isso sim seria um gesto ousado e modernizador. A lei é hipócrita. Fuma-se dos salões da madame ao forró dos banguelas. O exemplo holandês, ao contrário do americano, mostra que as drogas não devem ser tratadas em bloco e que a liberalização das leves pode auxiliar uma política rigorosa de combate às pesadas. A prisão do grupo Planet Hemp foi um ato ridículo. Fernando Gabeira, Eduardo Suplicy e Roberto Freire colocaram o rosto na TV para defender os rapazes. Os únicos. A propósito, o respeitável jornal britânico "The Independent" está em campanha: "Decriminalise cannabis", estampa em suas páginas. O jornal publica uma lista -com fotos- de cidadãos, médicos, artistas, advogados e lordes, que apóiam a idéia. Texto Anterior: Em festa na Bahia, Maluf faz defesa da desvalorização do real Próximo Texto: Prefeituras não têm dinheiro para o 13º Índice |
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