São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Unicamp recupera memória da cidade

Equipe levou 6 anos fazendo pesquisa e entrevistas

DA FOLHA CAMPINAS

O Centro de Memória da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) está recuperando a história dos bairros mais tradicionais da cidade.
O projeto "Bairro Identidade Memória" já resgatou, por meio da linguagem oral dos moradores mais velhos, parte da memória do Cambuí e da Vila Industrial.
Agora, a equipe de pesquisadores do Centro de Memória busca patrocínio para resgatar a história dos bairros habitados tradicionalmente pela população negra.
Uma proposta de trabalho já foi enviada ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e contempla a participação de educadores e alunos da rede pública municipal.
O Centro de Memória também busca verbas para a edição de um álbum com as principais fotografias da exposição.
Um vídeo com depoimentos e imagens atuais dos bairros está em fase final de edição no Centro de Comunicação da Unicamp.
Todo o material, incluindo um vasto relatório com as principais constatações do estudo, está à disposição de pesquisadores no Centro de Memória.
Raridades
A equipe comandada pela coordenadora do Centro de Memória, professora Olga Rodrigies de Moraes von Simson, passou seis anos entrevistando moradores, recolhendo documentos e fotografias antigas dos bairros de Cambuí e Vila Industrial.
Uma das descobertas curiosas feitas pelo grupo foi a origem do nome Cambuí.
"O nome é originário de uma espécie de arbusto muito comum no bairro naquela época. Hoje, infelizmente, não conseguimos encontrar um espécime sequer da planta no Cambuí", disse a professora Cármen Sílvia Gonzales, 30, responsável pelo levantamento iconográfico do trabalho.
A exposição de fotografias, atualmente em cartaz na DRO (Departamento Regional de Operações) Leste, traz um registro do início do século.
A foto mais rara da mostra um cavaleiro passeando sob as árvores do Largo Santa Cruz, também conhecido como Largo da Forca, no Cambuí de 1880. O local era uma das três "campinas" que deram nome à cidade.
Outra mostra o almoço reunindo o poeta Castro Mendes, "dona" Ítala Gomes (irmã de Carlos Gomes) e a aristocrata "dona" Elisa Monteiro, no Bosque dos Jequitibás. Há ainda a imagem de crianças nadando no local então conhecido como "valeta", que hoje é o esgoto a céu aberto que permeia a avenida Orosimbo Maia.

Texto Anterior: Associação quer dar vida maior
Próximo Texto: Vera Fischer fala sobre novo filme
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.