São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997 |
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Empresário tucano rejeita inércia de FHC
FREDERICO VASCONCELOS
Para 62% dos entrevistados, contudo, o país permanece vulnerável a um ataque especulativo contra o real. A grande maioria (79%) reprova o governo FHC, que "atuou mal antes da crise, quando poderia ter tomado medidas e não o fez". Essa crítica parte de uma entidade cuja maioria de afiliados, mesmo sem alinhamento partidário, é simpática ao PSDB. "Infelizmente, o governo se perdeu com o sucesso do Plano Real, distanciou-se da sociedade organizada e não soube avaliar a evolução da conjuntura", diz Eduardo Capobianco, coordenador-geral do PNBE. Em respostas múltiplas, 70% disseram acreditar que o governo vai apressar o ritmo das reformas e, para 40%, acelerar o ritmo da desvalorização do real. Para 19%, o governo será obrigado a fazer uma maxidesvalorização da moeda nos próximos 18 meses. Reflexos na empresa A pesquisa foi realizada entre 11 e 13 deste mês. Revela o impacto do aumento das taxas de juros, da queda das Bolsas e do pacote fiscal sobre micro, pequenos, médios e grandes empresários sócios do PNBE, de todos os ramos de atividade econômica. Ela aponta também as expectativas, a curto e médio prazos, para esses empresários localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Espírito Santo e nos municípios paulistas de Ribeirão Preto e Presidente Prudente. A queda das Bolsas não chegou a afetar 53% dos consultados. A elevação dos juros foi considerada prejudicial para 89%, e o pacote fiscal, para 81%. A redução das vendas foi apontada por 53% dos empresários; 47% revelaram ter sentido o aumento das dívidas. Para 45%, ficou mais difícil obter linhas de crédito. Pacote fiscal A maioria (66%) entende que o governo tomou as medidas corretas, elevando primeiro os juros e depois baixando o pacote fiscal; 12%, contudo, afirmam que o governo deveria ter desvalorizado o real em vez de elevar os juros. Segundo Capobianco, uma característica dos empresários do PNBE é não atuar apenas na defesa de seus negócios ou de questões corporativas. Isso explicaria algumas opiniões emitidas sobre as principais medidas do pacote. O aumento dos combustíveis, por exemplo, obteve aprovação de 45% dos empresários (49% foram contra); 51% foram favoráveis à elevação do IPI para automóveis e bebidas (34% foram contra e 11%, indiferentes). O adicional de 10% no Imposto de Renda da pessoa física e a fixação de limite de 20% para deduções obtiveram reprovação, respectivamente, de 74% e 70% dos consultados (na sexta-feira o governo voltou atrás e derrubou o limite para despesas médicas, pensão alimentícia e dependentes). As promessas de cortes no funcionalismo e de redução de despesas públicas mereceram ampla aprovação do PNBE (85% e 94%). Tempo de recessão Uma recessão é esperada pela grande maioria dos empresários do PNBE, variando apenas a duração: para 45%, ela será breve, seguida de retomada do crescimento; para 40%, será prolongada. Em função da nova conjuntura, 23% dos empresários do PNBE acreditam que os preços de seus produtos ou serviços serão reduzidos. Para 50%, os preços permanecerão iguais. Os juros ficarão elevados por quatro meses (36% das opiniões) ou por até seis meses (28%). Entre os que se consideram prejudicados com as medidas, 66% pretendem cortar despesas e 38%, cortar pessoal (a pesquisa permitiu respostas múltiplas); 11% darão férias coletivas e 30% acreditam que terão de se desfazer de ativos. Texto Anterior: Captação da poupança já supera R$ 1,2 bi Próximo Texto: PNBE surge com fim do Cruzado Índice |
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