São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997 |
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Marcel Proust on line
MARCELO REZENDE
Kolb foi o idealizador do Kolb-Proust Archive for Research, aberto no outono de 1993 na Universidade de Illinois, o maior acervo sobre o escritor fora da França. Ligado à Urbana-Champaign Library (a biblioteca universitária), os arquivos pretendem ser "uma fonte de pesquisa para os estudiosos na obra de Proust na América". O acervo conta com fotos, periódicos franceses, documentos e, fundamentalmente, a correspondência de Proust (o principal interesse de Kolb), em um total de 1.300 cartas. Agora, em razão dos 75 anos da morte de Proust (a serem comemorados na próxima terça-feira), a universidade inicia uma "coleção proustiana" acessível por computador. Kolb chegou a Illinois em 1945. Antes, havia passado um ano na França (1935-1936), onde encontrou madame Mante-Proust, herdeira do escritor, que lhe apresentou a vários amigos e conhecidos do romancista. Depois de voltar para os Estados Unidos, dedicou-se a uma tese de doutorado em Harvard, tendo como tema a correspondência de Marcel Proust. Ao chegar a Illinois, pretendia ficar um ano. Permaneceu o resto de sua vida. "Meu pai", disse Katherine Kolb em entrevista à Folha, por correio eletrônico, "debruçou-se sobre a correspondência de Proust por 50 anos. Ele usava os jornais franceses, almanaques e livros de referências de todos os tipos. Para conseguir datar cartas que não traziam qualquer referência ao período em que foram enviadas, ele analisava -por vezes quimicamente- o papel em que foram escritas". O primeiro resultado de seu trabalho foi a publicação, em 1949, de "La Correspondance de Marcel Proust - Cronologie et Commentaire". Apesar de ser editado pela Illinois, o volume se dirigia aos franceses. Nos Estados Unidos, à época, Proust despertava ainda um interesse relativo. Dois anos depois, o livro ganhou um prêmio da Academia Francesa, e, de madame Mante-Proust, uma total admiração. A seu pedido (e da Editora Plon), Kolb organizou toda a correspondência de Proust, editada em 21 volumes. "Para conseguir as cartas, Kolb fez acordos com todo tipo de pessoas. De herdeiros a vendedores de autógrafos", conta Caroline Szylowcz, bibliotecária-chefe do Kolb-Proust Archive. Szylowcz fala ainda sobre um trabalho inacabado de Kolb. Pouco antes de morrer, em 7 de novembro de 1992, aos 85 anos, escrevia uma biografia de Proust, baseada nas informações encontradas em toda a correspondência. Hoje, sua filha Katherine estuda os manuscritos deixados. Diz que não há prazo para o fim do trabalho, mas está certa de que, em consequência da obsessão de seu pai, Marcel Proust, agora, está um pouco mais próximo dos EUA. O endereço eletrônico do Kolb-Proust Archive for Research é http://www.library. uiuc.edu/kolbp.htm Texto Anterior: CRONOLOGIA Próximo Texto: Longe de toda esperança Índice |
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