São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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'Rota' coloca Colker no caminho certo

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde 1994, quando estreou "Vulcão", primeiro espetáculo de sua companhia, a coreógrafa Deborah Colker vem afirmando que sua dança se fundamenta na pesquisa de movimentos.
Embora esse interesse possa parecer óbvio num coreógrafo, é bom lembrar que perante a tendência estimulada pela dança-teatro nos últimos anos, o movimento como recurso principal tornou-se cada vez mais tênue nas produções brasileiras.
Preenchendo certa carência do público por espetáculos em que a dança se manifesta mais plenamente, Colker acionou sua marcha em direção à popularidade. No entanto, os lugares comuns de suas coreografias geraram críticas que ela soube transformar em benefícios. "Rota", terceiro e novo espetáculo de Colker, em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso, prova a evolução da coreógrafa.
Distanciando-se dos clichês do mero atletismo, ela mostra que pode preencher mais uma lacuna: tornar-se uma coreógrafa capaz de expandir e aprofundar a dança como expressão do movimento e com isso saltar do status de realizadora para o de real criadora.
Entre "Vulcão" e "Rota", o avanço foi considerável. Experimentando novos recursos, como o balé clássico, Colker obtém resultados coreográficos mais densos e sofisticados no novo espetáculo.
Constatar tal progresso e o potencial que ele aponta é estimulante. Por outro lado, principalmente porque Colker demonstra capacidade de lidar com a plasticidade do espaço cênico. Some-se a isso o rigor profissional de suas produções para começar a apostar que Colker pode construir uma linguagem realmente relevante para a dança contemporânea brasileira.

LEIA a ficha técnica do espetáculo no roteiro de shows à pág. Esp.-2

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