São Paulo, domingo, 16 de novembro de 1997
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Terror ainda arrecada dinheiro nos EUA

CLÁUDIA PIRES
DE NOVA YORK

Enquanto os EUA fazem listas de países que financiam o terrorismo internacional, a política antiterror norte-americana tem sido pouco eficiente no combate à arrecadação de recursos para organizações terroristas dentro do país.
Segundo a coordenadoria de combate ao terrorismo do Departamento de Estado dos EUA, o número de doações anônimas para esses grupos pode ser ainda maior se forem considerados, por exemplo, o envio de armas para os grupos. Algumas estimativas apontam que esse valor pode superar US$ 1 bilhão por ano.
"É muito difícil saber de onde vem todo o dinheiro. A maioria das organizações estão disfarçadas e as doações podem ser feitas por telefone ou pela Internet", afirma Arthur Berger, diretor do Comitê dos Judeus Americanos, outro organismo que combate essas doações.
Organizações proibidas
Uma das últimas vitórias do comitê veio no último dia 8 de outubro, quando a secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, divulgou lista proibindo 30 organizações terroristas de arrecadar dinheiro no país.
O comitê e outros organismos ligados ao combate do terrorismo estavam pleiteando a decisão há quase três anos.
"A medida foi louvável, mas ainda é pouco eficiente. Essas organizações simplesmente mudam de nome e endereço e continuam a atuar", afirma Berger.
A tese de Berger pode ser facilmente comprovada. Qualquer programa de busca na Internet pode localizar sites de grupos terroristas que pedem doações. Muitos deles fazem parte da lista divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA.
Entre os mais conhecidos está o Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), responsável pelos principais atentados terroristas em Israel nos últimos anos.
Além disso, alguns grupos preferem abrir escolas ou instituições de caridade, o que torna legal a arrecadação do dinheiro.
O Departamento de Estado afirma estar trabalhando em parceria com o FBI (Birô Federal de Investigação) para combater a atividade dessas organizações, mas admite que muitos dos nomes divulgados ainda continuam atuando clandestinamente.
Grupos islâmicos
Cerca de 80% do dinheiro arrecadado no país é endereçado a grupos terroristas radicais islâmicos do Oriente Médio.
Além de Irã, Iraque, Líbano e Síria, por exemplo, países como Argélia, Índia, Sri Lanka e Paquistão seriam os mais recentes destinatários do dinheiro coletado nos EUA.
Depois dessas organizações, viriam as baseadas na Ásia -Japão e Coréia- e na América Latina -principalmente as sediadas no Peru e na Colômbia.
Na opinião de Philip Wilcox Jr., um dos coordenadores de combate ao terrorismo do Departamento de Estado, as únicas maneiras de evitar que esses movimentos terroristas cresçam é manter as sanções econômicas, diplomáticas e políticas contra os países que os estimulam e investir em investigação.
Só neste ano, o Birô de Segurança do Departamento de Estado recebeu investimentos de US$ 285,2 milhões. O departamento tem 240 escritórios regionais espalhados em 133 países.

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