São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Governistas adiam votação da reforma da Previdência na CCJ

LUIZA DAMÉ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes governistas adiaram para a próxima semana a votação da emenda da reforma da Previdência, temendo reflexos negativos na votação em segundo turno da reforma administrativa, marcada para ontem à noite.
Os governistas estavam prevendo uma radicalização na discussão da emenda da Previdência, que deveria ser votada ontem pela manhã na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o que prejudicaria a busca de votos mesmo entre os deputados dos partidos da base.
"Não vamos misturar. O coquetel é amargo", afirmou o deputado Ney Lopes (PFL-RN).
O relator da emenda, deputado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), disse que o governo preferiu concentrar esforços na reforma administrativa e evitar uma votação longa na CCJ.
O vice-líder do governo, Rodrigues Palma (PTB-MT), defendeu o adiamento para "discutir melhor a proposta".
Problema
O governo enfrenta um problema na primeira etapa da votação da reforma na CCJ.
O presidente da comissão, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), terá que decidir se aceita ou não votar o dispositivo que prevê a cobrança de contribuição previdenciária dos inativos.
O item, que havia sido considerado inconstitucional pela CCJ em 1995, foi recuperado e aprovado pelo Senado.
Caso a CCJ reafirme a decisão anterior, a emenda da Previdência voltará para o Senado.
O parecer do relator é favorável ao texto aprovado pelos senadores sem modificações, o que atende aos interesses do governo.
"Eu sou um homem sem dúvidas sobre a constitucionalidade da proposta", afirmou Ferreira.
Resistência
O dispositivo que institui a contribuição dos inativos encontra resistência entre os membros da comissão que integram partidos da base aliada.
"Essa questão é partidária. Consideramos a proposta inconstitucional", afirmou o vice-líder do PPB, Gerson Peres (PA).
O governo preparou um esquema para tentar garantir a aprovação da emenda, caso a votação não tivesse sido adiada.
Os líderes governistas indicaram parlamentares afinados com o governo para ocupar as vagas abertas na comissão, depois que se encerrou o prazo para a mudança de partido.
O PTB ameaçou substituir o deputado Vicente Cascione (PTB-SP), contrário à reforma.
Para evitar a votação de ontem, os governistas aproveitaram um pedido de adiamento feito pela oposição.
O requerimento apresentado pelo deputado José Genoino (PT-SP) transferiu a sessão para a próxima quarta-feira.
O adiamento também interessa aos oposicionistas, que pretendem atrasar as reformas.
"Ganhamos mais uma semana", comemorou o deputado Hélio Bicudo (PT-SP).
(LUIZA DAMÉ e DENISE MADUEÑO)

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