São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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As versões e dúvidas sobre o crime da grávida

- Versão do marido
Marcos Cardoso, 23 e Elisângela Rodrigues Cardoso, 19 teriam sido abordados por dois ladrões, em um semáforo da avenida Fábio Eduardo Ramos Esquivel, próximo ao frigorífico Marba, em Diadema. Eles estavam no Fiat Uno de Cardoso. O casal ia de Diadema para Mauá, onde moravam. Os assaltantes, que teriam se sentado no banco traseiro, teriam dado o primeiro tiro na alça de acesso à via Anchieta porque Cardoso teria olhado para trás. Em seguida, deram outro tiro, no acostamento da Anchieta. Os dois disparos acertaram a cabeça de Elisângela. Os assaltantes teriam fugido a pé, na rodovia. Cardoso diz que é inocente e classifica como "absurda" a hipótese dele ter cometido o crime.

- Versão do bombeiro
O bombeiro Laércio Tadeu de Araújo diz ter visto um homem em um Fiat Uno jogando uma bolsa para fora do carro, na avenida Fábio Eduardo Ramos Esquivel, depois de passar pelo semáforo próximo ao frigorífico Marba. O soldado, que estava em seu Chevette, continua seguindo o Uno até a o início da rua Vergueiro, quando desiste da perseguição e decide retornar para apanhar a bolsa. Ele pega a bolsa e vai ao posto dos bombeiros onde trabalha, na avenida Prestes Maia, em Santo André. Lá fica sabendo que um rapaz havia acabado de trazer uma moça baleada em um Fiat Uno. O nome da moça levada ao hospital pelos bombeiros é o mesmo que consta dos documentos da bolsa resgatada. O placa Fiat que pediu socorro é a mesma da placa anotada pelo bombeiro, durante a perseguição.

- Dúvidas da polícia sobre o caso
1. O crime teria sido cometido por uma arma automática. Armas desse tipo ejetam as cápsulas, após os disparos. No entanto, não foram encontradas cápsulas no carro. Isso pode indicar que as cápsulas teriam sido retiradas pelo assassino, após o crime ou que a moça teria sido morta fora do carro.
2. Outra questão é saber por que o bombeiro viu apenas um homem no Uno. Os ladrões poderiam estar abaixados e Elisângela, já morta. Mas quem teria jogado, nesse momento, a bolsa para fora? Cardoso disse à Folha que não jogou e não viu ninguém jogando a bolsa.
3. O marido afirma que o crime aconteceu na via Anchieta. Pela reconstituição do bombeiro, o Fiat Uno não teria entrado na rodovia.
4. O bombeiro diz que havia percebido a presença do Fiat Uno em alta velocidade desde a avenida Piraporinha, ou seja, cerca de 2,5 km antes do farol onde Marcos Cardoso afirma ter sido abordado pelos assaltantes. A moça já poderia estar morta.
4. Não há evidências, até o momento, de que a moça tenha sido morta dentro ou fora do carro. O veículo não tem marcas de tiros. Cardoso diz que foram disparados dois tiros -as duas balas acertaram a cabeça de Elisângela.
5. Apesar de a avenida onde o assalto teria ocorrido ser movimentada, mesmo à noite, não há, até o momento, nenhuma testemunha da abordagem. Também não há quem diz ter visto os tiros ou os ladrões fugindo a pé.
6. Por que o bombeiro se empenhou tanto na perseguição ao Fiat Uno. Por que ele desistiu da perseguição, em um determinado momento, para retornar e apanhar a bolsa.

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