São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Músico com escudo e cano é preso por bater em mendigo

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil deteve o músico Paulo Sérgio Diniz da Luz, 31, e apreendeu um escudo, uma barra de ferro e um rojão que ele estaria usando para "se defender de nordestinos".
A prisão em flagrante ocorreu porque Luz foi acusado de desferir um golpe com a barra de ferro na cabeça do mendigo João Antônio Neves, 55.
O crime aconteceu no último dia 13, em um semáforo da avenida Paulista, nos Jardins (zona sudoeste de São Paulo).
Luz carregava um escudo de 90 centímetros de cumprimento por 64 centímetros de altura. Feito em polipropileno, ele é semelhante aos usados pela tropa de choque da Polícia Militar.
Na frente do escudo, o acusado pôs um adesivo com a bandeira do Estado de São Paulo. No outro lado, o músico colocou duas alças para carregá-lo e um adesivo com a frase: "Teme ao Senhor e aparta-te do mal".
A barra de ferro carregada pelo músico tinha cerca de um metro de cumprimento. Morador da Baixada do Glicério (região central), ele disse à polícia que estava desempregado e que havia ido à avenida Paulista para pedir esmolas.
Em um dos cruzamentos da avenida, estavam Neves e a empregada doméstica Lúcia Helena Balbino, 40. Os dois também pediam esmolas quando o acusado chegou. Neves e o músico teriam discutido.
Neves disse que o músico chegou gritando e, com o cano de ferro, desferiu-lhe um golpe na cabeça.
Defesa
Segundo o músico, Neves discutiu com ele por causa do ponto para pedir esmolas e sacou uma faca com cerca de 15 centímetros. Ele só teria se defendido batendo-lhe com o cano.
Segundo a polícia, ao ser indagado por que andava com o escudo e a barra de ferro, o acusado teria dito que era para se proteger dos nordestinos.
O mendigo foi levado ao pronto-socorro do Hospital das Clínicas. Após ser medicado, Neves foi ao 78º DP (Jardins), onde o músico estava detido.
Na delegacia, Neves disse que apenas desejava registrar o caso, mas que não queria processar o músico.
Por isso e por se tratar de um caso envolvendo um crime menos grave (lesão corporal dolosa), a polícia resolveu registrar tudo por meio de um Termo Circunstanciado, que será enviado à Justiça acompanhado dos objetos apreendidos.
A Folha procurou o músico ontem à tarde em seu apartamento na Baixada do Glicério. Nem ele nem sua mãe estavam no imóvel.

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