São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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SP retém migrante com mais escolaridade

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os migrantes jovens que chegaram a São Paulo entre 1981 e 1991 são mais escolarizados do que aqueles que deixaram o Estado no mesmo período.
Levantamento inédito feito pela Fundação Seade mostra que 70% dos jovens (15 a 24 anos) que decidiram se mudar para outros Estados do país só chegaram ao fim do 1º grau. Entre os que vieram morar na cidade, a parcela com o mesmo nível de escolaridade é de 57%.
Na faixa dos que possuem mais escolaridade, a importação bate de longe a exportação: 19,9% dos que vieram para São Paulo chegaram ao fim de um curso universitário, e apenas 6% dos que saíram do Estado tiveram a mesma performance.
Nos grupos dos analfabetos e dos que concluíram o 2º grau, a diferença entre os imigrantes e emigrantes é muito pequena. No total de pessoas em movimento, uma média de 6% eram analfabetos e 15% haviam concluído o 2º grau.
"Verifica-se que justamente os migrantes jovens mais escolarizados é que acabaram permanecendo em São Paulo, ao passo que uma parcela significativa dos menos escolarizados saiu do Estado (...). Essa tendência da migração jovem parece ratificar a idéia de seletividade dos migrantes mais aptos ao trabalho", afirma a pesquisa da Fundação Seade.
O estudo sobre migração de jovens foi feito pelos analistas Valmir Aranha e Sonia Perillo e é parte de um grande projeto da fundação, que pretende lançar um livro sobre o perfil do jovem no Estado.
Essa diferença na escolaridade no perfil do jovem que imigra ou emigra poderia indicar, afirma a pesquisa, "o importante papel dos centros de formação universitária existentes do Estado".
Para José Marcos Pinto da Cunha, pesquisador do Nepu (Núcleo de Estudos Populacionais da Unicamp), a parcela de pessoas que concluiu um curso universitário e vem para o Estado ainda é pequena e "marginal". "A realidade do processo migratório ainda é de uma população de baixa renda vinda sobretudo do Nordeste."
Outro resultado do estudo mostra que o jovem e a mulher são hoje os maiores responsáveis por movimentos populacionais.
Entre 81 e 91, cerca de 2,2 milhões de pessoas chegaram ao Estado vindas de outros Estados, e 1,2 milhão migraram para outros Estados. Os jovens representaram 32,4% do total dos imigrantes no Estado, enquanto a sua participação na população não-migrante é de apenas 17,7%.

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