São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Aves estrelam documentário em Abrolhos

SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL A ABROLHOS

Ícone de uma era romântica em que naus inimigas ameaçavam a paz de países quase virgens do Novo Mundo, o farol de Abrolhos é o centro da vida cotidiana dos poucos habitantes do arquipélago baiano, a 60 quilômetros da costa, na latitude de Caravelas.
Seis famílias, um pequeno grupo de pesquisadores de baleias, fiscais do Ibama, uma pequena escolinha onde quem ministra as aulas é a mulher do "faroleiro", o suboficial Silvino, e turistas esporádicos são os personagens humanos de "Aguamarinha", o documentário que o diretor campinense Augusto Sevá está realizando na região.
Personagem central
Os humanos aqui são mera paisagem. O protagonista no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é a natureza. "O que mais me atraiu foram as aves e a vida marinha", disse o diretor que, além do longa-metragem para o cinema -que deve ser lançado em maio-, está preparando uma série televisiva de cinco episódios, a ser exibida em março pela TV Cultura.
Sevá ouviu falar do arquipélago pela primeira vez em 1978, quando filmava "A Caminho das Índias", em Porto Seguro. "Fiquei encantado com a idéia de um local solitário, belo, com o romantismo que envolvia o farol...", diz. Em 1988, começou a fazer pesquisas, mas a verba só surgiu mesmo nos anos 90, com a Lei do Audiovisual e a Lei Mendonça. O projeto está orçado em R$ 800 mil.
"A idéia do filme é valorizar o que existe aqui, num ecossistema pequeno", diz Sevá. "O Brasil não tem tradição na área do cinema ambiental."
Nesse ecossistema, predominam atobás, grazinas, fragatas (três tipos de aves) e uma infinidade de espécimes marítimas. "Filmei algumas cenas de namoro entre as aves", diz o diretor. Para acompanhar minúcias comportamentais, o diretor está usando microcâmeras e conta com consultoria científica dos pesquisadores do local.
O som é gravado separadamente e devem refletir a trilha sonora -solitária e cheia de ecos e vazios intercalados- da ilha: o barulho das ondas, do vento atravessando o cenário e da farra dos atobás.
O atobá é, também, o principal anfitrião das ilhas. Habita as mais turísticas e não se importa com a aproximação humana. Mas o cuidadoso fiscal do Ibama irá alertar o forasteiro em sua primeira visita ao arquipélago: "Cuidado para não o estressar".

A jornalista Sylvia Colombo viajou a convite da Albatroz Cinematográfica.

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