São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Saramago pede compreensão extraliteratura

DA REPORTAGEM LOCAL

Anteontem, em São Paulo, mais de 400 pessoas entraram em contato, por cerca de uma hora e meia, com um pouco da obra e também do homem José Saramago.
O escritor português, que visita o país, falou ao público no Teatro Sesc Anchieta por ocasião do lançamento brasileiro de seu novo romance, "Todos os Nomes".
Falou, sobretudo, da importância da "busca do outro" e aceitou a homenagem que recebe no Brasil impondo como condição que ela sirva como uma possibilidade de entendimento entre as pessoas.
Contou historietas, fez piadas e discorreu sobre literatura. Palavra essa que ele gostaria que fosse substituída por "livros". Afinal, segundo ele, em cada livro existe uma pessoa, e os leitores, mais que romances, lêem romancistas.
Saramago assumiu sua tagarelice de coisas importantes -que vai além do registrado em seus textos. E disse: "O que está dentro da literatura não tem sentido se não for entendido à luz do que está fora". Foi aplaudidíssimo.
Antes de o escritor tomar a palavra, porém, duas atrizes e um outro escritor, brasileiro, leram trechos de suas obras.
Fernanda Torres começou a leitura narrando a concepção de Jesus tal como conta o "Evangelho Segundo Jesus Cristo".
A visita do anjo esfomeado e maltrapilho a Maria, também do "Evangelho", foi a primeira passagem escolhida para Giulia Gam, que continuou com um capítulo do "Ensaio Sobre a Cegueira".
O mais aplaudido da noite -tirando Saramago- foi o também escritor Raduan Nassar, autor de "Um Copo de Cólera".
Emprestou a voz à descrição do cemitério geral de "Todos os Nomes". O trecho, como classificou Saramago, é como uma ladainha, em que o autor enumera, quase sem verbos, as imagens arquitetônicas da construção do cemitério de todos os tempos.
Hoje, às 20h30, Saramago fala no Espaço Unibanco de Cinema no Rio (r. Voluntário da Pátria, 35). Visita ainda Belo Horizonte e Brasília, onde recebe o título de doutor honoris causa na UnB.

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