São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 1997
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Oviedo quer ser 'candidato fantasma'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O general da reserva paraguaio Lino César Oviedo disse ontem que está disposto a concorrer à Presidência do Paraguai sem aparecer em público na campanha. "Eu poderia entrar para a história, ganhando as eleições a partir da clandestinidade", afirmou Oviedo à rádio Ñandutí, de Assunção.
Ele está foragido, em local desconhecido, desde que o presidente paraguaio, Juan Carlos Wasmosy, conseguiu na Justiça ordem para sua prisão disciplinar por 30 dias, utilizando um lei que impede militares de fazerem críticas ou ofensas ao governo.
Oviedo, acusado de tentar dar um golpe de Estado em 96, venceu as prévias do Partido Colorado (o mesmo de Wasmosy) para concorrer à Presidência nas eleições previstas para 10 de maio de 1998.
A candidatura de Oviedo ainda está pendente na Justiça. Um dos líderes do partido, que concorre com Oviedo à indicação para as eleições, Luís María Argaña, tenta impugnar a candidatura no Supremo Tribunal Eleitoral do país.
O grupo de Argaña deu entrada também no Tribunal de Conduta do Partido Colorado, pedindo a expulsão de Oviedo por ter ferido os estatutos e o código de ética da organização.
Lino Oviedo disse à rádio que passa seu tempo foragido preparando um plano de governo, buscando soluções para os problemas de pobreza da maioria da população do Paraguai.
Ele adota em seu discurso posição de defensor da democracia. "Estou convencido de que nossa democracia está consolidada e vamos respeitar a Constituição no país", afirmou.
Oviedo acusa o presidente Wasmosy de estar tramando um autogolpe para impedi-lo de ocupar a Presidência. "Esse seria o pior erro de sua vida", afirmou.
"Não vou fazer um autogolpe", rebateu Wasmosy. "Prefiro os vaivéns da democracia ao silêncio da ditadura", completou, em nota divulgada por seu porta-voz.
O presidente paraguaio também pode enfrentar um julgamento -político. Ontem, o deputado Hermes Rafael Saguier, do Partido Liberal Radical Autêntico, acusou Wasmosy de "mau desempenho" de suas funções e espionagem telefônica. Segundo ele, o presidente admitiu "publicamente que escuta e grava conversas telefônicas".

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