São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Executiva do PFL oficializa oposição ao aumento do IR

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PFL -maior partido da base governista- formalizou ontem a oposição ao aumento do Imposto de Renda da Pessoa Física e aos cortes de incentivos fiscais das regiões Norte e Nordeste, mas ainda não encontrou uma alternativa às duas medidas que integram o pacote fiscal.
Responsável pelo texto da polêmica medida provisória, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, filiado ao PFL, foi convocado para ajudar o partido a encontrar uma saída.
"Isso é uma mixaria", discursou o líder na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), insistindo em que o partido poderá até determinar que seus 110 deputados e 24 senadores votem contra as medidas: "Não queremos corte nenhum nem aumento de imposto".
Menos radical, o presidente do PFL, deputado José Jorge (PE), disse que a disposição do partido é negociar com o governo uma outra forma de aumentar a arrecadação de impostos. "A idéia, por enquanto, não é bater chapa, é chegar a um acordo."
Durante a reunião de ontem da Executiva, os pefelistas classificaram de insustentáveis, a tão pouco tempo das eleições de 98, as medidas anunciadas com o objetivo de aumentar em cerca de R$ 1,5 milhão a arrecadação de impostos e compensar os gastos com juros.
O presidente do PFL descartou, porém, a possibilidade de o partido rever o apoio à reeleição de Fernando Henrique Cardoso, apesar da resistência em atender ao apelo do presidente para manter intactas as medidas do pacote econômico.
"Bode"
O líder Inocêncio Oliveira quer que FHC reduza o repasse da União aos fundos de pensão de empresas estatais, em média 80% maior que a quota dos funcionários.
O líder pefelista estima uma economia anual de R$ 5 bilhões, número considerado exagerado pelo governo. "E basta um decreto com a assinatura do presidente", disse, numa outra opinião que causa controvérsia.
Outra opção em discussão no PFL é a privatização da BR-Distribuidora e a venda acelerada de R$ 6 bilhões de ações da Petrobrás, em estudo pelo governo, o que ainda manteria a estatal sob controle da União.
Nenhuma das opções é considerada ainda a ideal. "Nós ainda estamos na fase exploratória", sustenta o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), integrante da comissão especial que analisa a medida provisória do Imposto de Renda. "Ninguém tem a solução pronta e acabada", disse.
Até ontem, os pefelistas recusavam a hipótese de apoiar o adicional de 10% na cobrança do Imposto de Renda da Pessoa Física caso o governo abra mão de cortar os incentivos fiscais regionais ao Norte e Nordeste.
Durante a reunião de ontem, vários pefelistas classificaram o corte de incentivos "um bode", que o governo teria incluído na medida provisória apenas para negociar o apoio ao aumento do Imposto de Renda.

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