São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estudantes reconhecem guarda da USP

4 garotos apontaram o segurança

DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro adolescentes que afirmam ter sido agredidos por seguranças da Universidade de São Paulo (USP) reconheceram ontem seu suposto agressor.
A agressão teria acontecido no dia 2 de novembro. Dez garotos estavam nadando na raia olímpica da USP, o que é proibido, quando foram surpreendidos por guardas universitários.
Três deles teriam conseguido fugir, seis teriam apanhado e o estudante Daniel Pereira de Araújo, 15, desapareceu quando era perseguido por um guarda. Daniel foi encontrado morto três dias depois, boiando na raia olímpica.
Sua morte gerou um protesto de alunos, professores e funcionários da USP e moradores da favela São Remo, que fica dentro da Cidade Universitária. O protesto acabou em depredação de prédios da USP.
A sessão de reconhecimento aconteceu na tarde de ontem no 93º DP (Jaguaré). Os nove garotos que estavam com Daniel tiveram que apontar qual era o suposto agressor entre 20 seguranças que fazem ronda na USP e dois policiais militares que estavam de plantão.
Cinco garotos não conseguiram reconhecer o segurança. Os outros quatro apontaram o mesmo guarda como sendo o agressor. O acusado não teve o nome divulgado pela polícia.
Mas nenhum dos nove adolescentes conseguiu identificar qual dos seguranças teria perseguido Daniel na última vez em que ele foi visto com vida.
Na sessão de reconhecimento, os garotos podiam ver os seguranças, mas não podiam ser vistos.
O delegado Francisco Basile, titular do 93º DP, disse que apenas o reconhecimento não é suficiente para indiciar o guarda universitário por lesões corporais.
"É preciso aguardar o laudo do IML, que irá apontar a causa da morte do Daniel, antes de tomar qualquer providência. Mas esse reconhecimento já é uma prova concreta de que houve pelo menos agressão", afirmou o delegado.
Já o assessor da prefeitura da Cidade Universitária, Ruy de Campos Pereira da Silva, não acha que o reconhecimento seja prova suficiente contra o guarda.
Segundo ele, os seguranças que estavam de plantão no dia da suposta agressão continuam trabalhando normalmente.

Texto Anterior: Deputado vira ator e trabalha em filme policial
Próximo Texto: Escolta era feita por policiais militares
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.