São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Associação reúne 'trocadores' de seringa

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Agentes de saúde que trocam seringas com usuários de drogas injetáveis anunciaram ontem a criação de uma associação nacional.
A Aborda, sigla para a Associação Brasileira de Redutores de Danos, pretende dar mais segurança para os agentes e os usuários, entre outros propósitos.
Pela lei em vigor, o "redutor" -como o agente é chamado- pode ser preso por incentivo ao uso de drogas e pegar até 15 anos de cadeia. Em São Paulo, uma lei que permite a troca para fins de saúde pública terá a regulamentação publicada nos próximos dias.
A Aborda foi fundada durante o 1º Encontro Nacional de Redutores de Danos, que aconteceu no início da semana na Universidade Federal de Brasília. Participaram 43 representantes dos 16 programas que já atuam no país. Mais da metade foi ou é usuário de drogas. O encontro fez parte do 2º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST-Aids, do Ministério da Saúde.
Domiciano Siqueira, presidente da Aborda, estima que cem pessoas estejam envolvidas como redutores nos programas de troca de seringas. Pelo menos 1.500 usuários já foram contatados. "Para o ano que vem, devemos estar presentes em mais de 25 cidades."
No Estado de São Paulo, onde se concentra o maior número de programas, foi criada há 15 dias a Aprenda, Associação Paulista de Redutores de Danos. Seu presidente, Nivaldo Aguiar, é um ex-usuário de drogas que dirige uma comunidade terapêutica em Osasco (Grande São Paulo).
Os programas de redução de danos objetivam reduzir a infecção pelo HIV entre usuários de drogas injetáveis por meio da troca de seringas e de informações. Segundo números do ministério, 23.750 pessoas já pegaram Aids no Brasil com seringas infectadas. Sem contar os parceiros que pegaram o HIV dessas pessoas e as crianças que nasceram dessas relações.
Os programas de redução existem há mais de dez anos em muitos países e vêm sendo tentados no Brasil desde 1989. Há quase dois anos, alguns programas estão na rua, apesar das ameaças do Ministério Público e de alguns juízes.
Os mais ativos são o da Prefeitura de Porto Alegre (RS), do Cetad -um centro de estudos da Universidade Federal da Bahia- e da Apta, uma ONG de São Paulo.
Populações ribeirinhas dos rios Tapajós e Amazonas, no Pará, recebem periodicamente a visita de um grupo de palhaços, que fazem parte do Projeto Alegria e Saúde. Os integrantes informam sobre desnutrição, diarréia, Aids, doenças sexuais, participam das campanhas de vacinação e ensinam a tratar a água.

Informações sobre Aborda e Aprenda pelo telefone (011) 7209-6525

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