São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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'John Grisham's The Rainmaker' estréia hoje nos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Estréia hoje nos EUA o mais recente filme de Francis Ford Coppola, "John Grisham's The Rainmaker". É a primeira vez que o nome de Grisham, um dos principais autores de best sellers dos EUA, aparece em título de cinema.
Mas "The Rainmaker" é o quinto romance do autor transportado para as telas (entre outros, "The Firm" e "The Pelican Brief").
Uma das grandes curiosidades do filme é como Coppola, um dos mais criativos cineastas da história, lidou com o material de Grisham, repleto de lugares-comuns e desdobramentos previsíveis.
Os primeiros relatos críticos dão conta de que o humor foi a maneira que Coppola encontrou para limpar um pouco a atmosfera melodramática e heróica que cerca toda a ficção de John Grisham.
É o primeiro filme desde 1990 que Coppola escreve e dirige (o terceiro episódio de "O Poderoso Chefão" havia sido o anterior). O texto, baseado em Grisham, é de Coppola. Isso faz diferença: Coppola é tão bom roteirista ("Patton", "The Conversation", "One From the Heart") como diretor ("Apocalypse Now", e a série "O Poderoso Chefão", filmes que ele também escreveu).
Danny De Vito tem um papel fundamental para a fórmula humorística funcionar. Ele faz o Sancho Pança do quixotesco (mas bonitinho) Rudy Baylor (Matt Damon), o advogado que sai da escola para lutar contra as cínicas grandes corporações e defender os fracos e oprimidos do mundo.
Na vida real, nunca dá certo. Em Hollywood e no mundo idealizado de Grisham, o mocinho sempre vence, não importa quão grandes ou inteligentes sejam os bandidos.
Talvez para dar uma aparência mais acentuada de farsa ao romance, Coppola escolheu Mickey Rourke para representar um dos vilões. Rourke já incorporou a cafajestice na expressão corporal e facial. O outro representante do mal é o excelente Jon Voight.
Noutra demonstração de que o uso de Grisham talvez tenha sido para Coppola uma experiência de como retirar de matéria-prima pobre todas as suas vulgaridades sem mexer no enredo, o romance entre os dois heróis, o advogado principista e a vítima da sociedade (Matt Damon e Claire Danes) é apenas sugerido, nunca materializado.
Como Coppola, evidente, quer fazer dinheiro, é provável que ele espere do espectador comum que só preste atenção à trama. Mas como também quer se manter respeitado como artista, deixa para os intelectuais e críticos a exegese de suas intenções. Se funciona em qualquer dos grupos, vai se ver.
O que é certo é o lançamento de mais uma estrela masculina no firmamento de Hollywood. Matt Damon, 24, neste ano passa de coadjuvante para ator principal em filmes de duas das maiores legendas artísticas do cinema: Coppola e Steven Spielberg (com quem está terminando, ao lado de Tom Hanks, "Saving Private Ryan", drama ambientado em Londres durante a Segunda Guerra Mundial).

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