São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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Iraquianos celebram 'vitória' em Bagdá

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Apesar de não ter obtido concessões imediatas, o Iraque encarou o fim da crise com as Nações Unidas como uma vitória a ser comemorada e lembrada -o dia de ontem foi fixado como data oficial para celebrar o "feito".
O presidente Saddam Hussein determinou que o 20 de novembro de 1997 se torne "O Dia do Povo, no qual os iraquianos obtiveram uma vitória contra seus inimigos", afirmou a TV oficial.
O dirigente iraquiano também agradeceu às centenas de famílias que, aparentemente de forma voluntária, formaram escudos humanos em potenciais alvos de um eventual ataque das potências ocidentais.
"O presidente agradece a todos os iraquianos que se instalaram nos palácios do povo e nos edifícios industriais para servir como escudo contra uma agressão das forças do mal. Os iraquianos provaram que são fiéis e que seguem dispostos a morrer para defender o Iraque", afirmou comunicado oficial divulgado ontem.
Aos elogios presidenciais somaram-se um clima festivo e sinais de alívio.
Nas ruas da capital do país, Bagdá, alto-falantes tocavam músicas patrióticas enquanto seus moradores corriam para cafés do centro em busca de monitores de TV. Todos pareciam ansiosos para assistir à "vitória iraquiana".
Alguns se juntaram em grupos para pichar slogans anti-EUA em muros da cidade. "Fim à América", diziam eles.
Ao lado das manifestações de vitória, viam-se sinais de alívio e esperança: "Graças a Deus! Uma guerra é sempre ruim. A paz é sempre boa", disse um homem.
"Esperamos boas notícias. Os embargos podem ser suspensos agora", disse um comerciante.
'Por Alá'
A suspensão também é uma esperança alimentada pelo governo iraquiano. Apesar de ter voltado atrás na expulsão dos investigadores dos EUA, o país deu sinais de que pode voltar a adotar a medida se não ficar satisfeito com os novos rumos das investigações.
"Se os EUA seguirem negando os legítimos direitos do Iraque, nós pensaremos na medida novamente", disse o vice-premiê Tareq Aziz, em visita ao Cairo (Egito). O Iraque afirma estar sendo injustiçado, pois os investigadores da ONU não reconhecem os avanços já obtidos.
Ontem, o Conselho Revolucionário, órgão máximo do país, dirigido por Saddam Hussein, chegou a jurar por Alá que parte importante dos armamentos foi eliminada.
"Em nome de Alá, o clemente, o misericordioso, asseguramos pela honra que não há mais armas biológicas ou químicas no Iraque", afirmou um comunicado.

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