São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 1997
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"Bent" vai além do nazismo

NAIEF HADDAD

"Bent" começa encharcado de prazer com Mick Jagger cantando "The Streets of Berlin", de Philip Glass, em uma badalada festa gay. É o preâmbulo de uma tragédia -vigorosa no seu pessimismo, embora pouco ousada como exercício de cinema.
Em seu primeiro filme, o inglês Sean Mathias mostra a decadência de Max (Clive Owen), um homossexual que tem de abandonar uma rotina confortavelmente desvairada para fugir da polícia nazista alemã. Acaba preso com seu amante e é obrigado a terminar de matá-lo. No campo de concentração, Max enfrenta as torturas -basicamente morais. É o início da segunda parte do filme quando se salienta a aposta pela sobrevivência ou, mais adiante, pela dignidade. Não há, portanto, como reduzir "Bent" a uma obra sobre homossexuais ou nazismo.
Por vezes, a câmera de Mathias -reconhecido diretor teatral- filma o palco. Faz teatro no cinema, fusão que, em geral, limita ambas as artes.
E, por fim, se Jagger -em pequena participação- deve fisgar o público, é Owen quem desenha a contradição necessária que move "Bent".

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