São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997 |
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BC aumentou rombo no Beron, acusa CPI
RUBENS VALENTE
Os deputados estaduais culpam o BC por realizar "desastrada e irresponsável administração". Essa administração realizada pelo interventores teria elevado o prejuízo do Beron de R$ 21,8 milhões, no início da Raet (Regime de Administração Especial Temporária), em janeiro de 95, para os atuais cerca de R$ 500 milhões. Em seu relatório, a CPI pede ao governo do Estado que processe a União, "que deve arcar com os prejuízos causados pela sua autarquia ao banco estadual". Cópias do texto final serão enviadas ao presidente da República e ao Ministério Público Federal. Suplementação Os deputados, com base em depoimento de ex-diretores do Beron, concluíram que uma suplementação de R$ 11,5 milhões do sócio majoritário, Rondônia, em dezembro de 94, teria sido suficiente para evitar que o patrimônio líquido do Beron ficasse devedor -obrigando a intervenção. O patrimônio líquido do banco, em março último, era negativo em R$ 145 milhões, segundo depôs o gerente de Divisão de Contabilidade, Luiz Carlos de Lima. O governador Valdir Raupp (PMDB) alegou dificuldades de caixa e não realizou a suplementação, pedindo ajuda ao BC. Ouvido em depoimento, João Closs Júnior, membro do Conselho de Administração do Beron e ex-secretário da Fazenda, disse que desde a primeira reunião com os técnicos do BC eles demonstraram a determinação de liquidar o Beron. Para evitar a liquidação, e sem condições de conseguir capital do governo, o Beron passou a tomar dinheiro no mercado financeiro, "a custo altíssimo", segundo disse o ex-secretário. Os deputados consideraram que o BC sabia que a busca do dinheiro no mercado agravaria a situação do Beron, mas os interventores teriam sido "omissos" e "acomodaram-se com a situação". O presidente da CPI, Daniel Pereira (PT), disse que os juros dos empréstimos interbancários chegam hoje a R$ 100 milhões. Indenizações Os deputados também apontam a responsabilidade dos interventores do Beron no pagamento de indenizações altíssimas. Destacam o depoimento da chefe do Departamento Jurídico do Beron, Sandra Maria Guerreiro Saraiva, que admitiu terem ocorrido "falhas nas defesas do banco perante a Justiça trabalhista". Alegando cumprir jornada diária de 16 horas, durante cinco anos, o funcionário Gerson Lima da Paz, que recebia R$ 1.070,00 mensais, conseguiu uma indenização de R$ 624 mil. A CPI também acusa de "omissão" Paulo Jorge Henrique Duarte, presidente do Beron entre janeiro e fevereiro de 95, já sob a intervenção do Banco Central. Duarte concedeu uma carta-fiança em favor da empresa Check's Nutrição, que não era cliente do Beron, sem firmar contrato de garantia e sem submeter o assunto à apreciação do Conselho de Administração. A carta serviu como garantia de financiamento concedido à empresa pelo Banco do Brasil. Em 28 de abril, como a empresa não pagou o BB, o Beron emitiu cheque de R$ 664,8 mil. Em depoimento à CPI, Duarte disse que a empresa tinha um cadastro na agência do Banco do Brasil, em Brasília (DF), que lhe dava subsídio para expedir a carta-fiança. Texto Anterior: Para sindicato, serviço piorou Próximo Texto: Ex-presidente admite falha Índice |
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