São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Executivos relaxam com vara e anzol

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Passada a recente tormenta econômica, executivos pegam o seu equipamento de pesca -dos arpões e carretilhas mais sofisticadas a simples varas de bambu- e vão espairecer à beira do rio ou em alto-mar.
Em busca do maior peixe, eles esquecem do clima pós-pacote que invadiu seus escritórios. E, em vez de acompanhar pelas madrugadas o comportamento das Bolsas asiáticas, passam a analisar o movimento da água e dos peixes.
"Esqueço de tudo durante a pescaria e volto com mais capacidade para enfrentar os problemas", diz o empresário Evandro Coser, 42, da área de comércio exterior.
Dono do recorde mundial ao pescar um marlim branco de 82,5 quilos, Coser é adepto da pesca oceânica, que pratica nos finais de semana, e da de rio.
Nas férias, ele passa dez dias no Pantanal. "São locais distantes, sem comunicação. É sábio para um empresário se desligar do mundo de vez em quando", diz.
O executivo Arthur Santos Netto, 52, também da área de comércio exterior, define a pesca oceânica como a sua terapia. "É um mundo diferente do trabalho, com muita adrenalina e técnica."
Além de esquecer dos problemas do setor, ele diz que a pesca traz maior aproximação com a família.
Luiz Roberto Moraes Junqueira, 47, diretor-financeiro da Dixie Toga, por sua vez, prefere a beleza do fundo do mar. Aos oito anos, ele já dava os "primeiros passos" na pesca submarina. Hoje, ele tira lições da pesca para o seu desempenho profissional.
No mar, é preciso controle para conseguir perseguir um peixe, usar o arpão e voltar à superfície em intervalos nunca maiores do que três minutos. "Esse controle ajuda muito. Um executivo financeiro não pode ter pânico", afirma.
Outro exemplo: a perspicácia desenvolvida no mar, como a de saber a hora certa de atirar ou voltar à superfície, passa para o trabalho.
Mais calmo
Mas nem todos os executivos procuram uma pesca com tanta aventura. Willian Queen, 44, consultor da Visa Net, segue a pesca convencional, com uma boa e simples vara na beira do rio.
"Gosto de andar no rio, saber qual é a melhor isca e conversar com os outros pescadores."
Queen é fã de um bom Pesque-Pague -locais próximos à cidade, com lagos e muitos peixes. "No mundo atual, os rios ficaram longe", justifica-se.
Ele diz que chega na pescaria completamente estressado e sai relaxado. "Fico pronto para enfrentar qualquer problema."

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