São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Oposição transforma sessão em um debate

LUCIO VAZ
DENISE MADUEÑO

LUCIO VAZ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Até senador tucano critica medidas

A oposição usou o teatro armado pelo presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), para promover um debate efetivo com os ministros da área econômica, na sessão extraordinária do Congresso ontem pela manhã.
Transmitida ao vivo pela rádio e pela TV Senado, a sessão foi programada por ACM para ser restrita aos senadores, na grande maioria integrante da base aliada ao governo.
Por pressão do líder do bloco das oposições, José Eduardo Dutra (PT-SE), a sessão do Senado foi transformada em sessão do Congresso, para que os deputados pudessem fazer perguntas aos ministros.
Só do PT, havia 17 parlamentares no plenário, sendo 13 deputados. A lista de inscritos para interrogar os ministros chegava a 78 ao meio-dia.
"Vamos incendiar isso aqui. Vamos transformar o debate econômico em político e ficar até o fim", prometia o deputado José Genoino (PT-SP), após a primeira hora de debate.
A oposição foi ampliada com a participação de deputados do PC do B e PDT. O deputado Haroldo Lima (PC do B-BA) ocupou a tribuna por mais de cinco minutos para fazer sua pergunta.
A sessão foi realizada no plenário do Senado e não no da Câmara, onde haveria mais espaço para os parlamentares. Um dos atrativos para a presença de cerca de cem parlamentares foi a transmissão de toda a sessão pela TV paga.
Para tentar diminuir a atuação da oposição, os governistas montaram uma contra ofensiva. Os líderes dos partidos aliados na Câmara e no Senado, com exceção do líder do PFL, senador Hugo Napoleão (PI), foram para o plenário.
A oposição foi ajudada logo no início pelo senador Jefferson Peres (PSDB-AM). Apesar de ser do partido do presidente Fernando Henrique Cardoso, Peres criticou o corte de 50% nos incentivos para a região Norte e Nordeste.
Segundo ele, a Zona Franca de Manaus vai ser prejudicada e não haverá aumento de impostos significativos para o governo. O senador afirmou ainda que, com a medida, os investimentos da região poderão ser transferidos para o Paraguai.
A exposição inicial dos ministros não foi suficiente para diminuir a resistência de parlamentares quando a MP (medida provisória) que aumentou a cobrança do Imposto de Renda de Pessoa Física. "Algumas medidas fiscais são muito terroristas", disse o senador Ney Suassuna (PMDB-PB).

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