São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997 |
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Crescem os casos de doença ocupacional Número de afastamentos é 480% maior em dez anos LIA REGINA ABBUD
Estatísticas da Previdência Social mostram um aumento de 480% no registro de casos de doenças no ambiente de trabalho, nos últimos dez anos. Em 86, foram notificados no país 6.014 casos de doenças ocupacionais. Em 96, esse número atingiu a marca de 34.889 casos. O Estado de São Paulo, registrou, em 96, 13.556 ocorrências de doenças ocupacionais, ou 38,8% dos casos do país. Minas Gerais registrou, no mesmo ano, 8.010 casos de doenças profissionais, superando em 55,56% os registros de 95. A LER, Lesão por Esforço Repetitivo encabeça a lista das doenças neste final de século. Em Minas, foi responsável por 70,6% dos afastamentos, em 95, seguida pelos casos de perdas auditivas (15,5%). A LER pode ganhar novo nome, Dort (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). Pesquisa do Cesat (Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador) apontou que, dos pacientes atendidos em 91, 9,1% eram portadores de LER. Em 1996, eram 60%. Em 92, foram registrados no Sindicato dos Bancários do Estado de São Paulo 518 Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) -192 delas eram referentes à LER. Em 96, foram emitidas 2.311 CAT's, das quais 1.989 eram casos de LER. A jornalista Maria José O'Neill, 41, não consegue usar sua mão direita para nada, perdeu o tato e movimenta os dedos com dificuldade. Os primeiros sintomas de LER surgiram em 94. "Sentia formigamento, dor e inchaço", diz. Só no ano seguinte, quando a doença já estava em seu 3º estágio (o 4º é o último), a LER foi diagnosticada. "A empresa não reconheceu o diagnóstico e me afastou por estresse", conta. Ivanete Gomes dos Santos, 43, trabalhou cerca de 22 anos como digitadora em diversos bancos. Em 87, percebeu que estava perdendo força no braço e se afastou, mas ainda não havia um tratamento específico para a doença. Foi, então, remanejada para a área de conferência de dados do Unibanco. Não adiantou. "Continuei fazendo trabalho repetitivo com as mãos", explica. Agora é atendente de telemarketing interno. "As dores não melhoraram, mas, se reclamar muito, posso ser demitida." Leia mais sobre doenças ocupacionais à pág. 8-3 Texto Anterior: A atriz Zezé Polessa é estudou medicina Próximo Texto: CARTAS Índice |
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