São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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Gosto de cereja

PAULO FERRETTI

Produtores regionais criam safras com sabor de frutas como cassis e amoras
Como as roupas e os carros, existem vinhos da moda. As tendências de consumo modificam-se a cada nova safra apresentada. As mudanças de ano para ano podem ser grandes, dependendo do clima nas variadas regiões vinícolas em todo o mundo. Tal qual a Maison Chanel ou o Rolls Royce, os vinhos de Bordeaux e Bourgogne nunca saem de moda, mas a cada safra que passa, têm de dividir os louros da fama com "ilustres desconhecidos".
A maior onda de consumo de vinhos da década de 90 teve como expoentes máximos os vinhos tintos a base de Cabernet Sauvignon e brancos com uvas Chardonnay.
Felizmente, a tendência atual é de diversificação e incentivo a regionalismos. Bons vinhos produzidos a partir de diferentes uvas estão ganhando espaço e chamando a atenção.
Entre os produtos "regionais" interessantes, o vinho branco Albariño Lagar de Cervera 95 vem destacando-se mundialmente. Ultrapassou as fronteiras da Galícia (norte da Espanha) e ganhou elogios da crítica especializada. O Albariño tem sabores cítricos e de maçã verde; é seco e acompanha muito bem frutos do mar.
Outro vinho regional branco é o Pinot Bianco Weisshaus linea praedium 96, italiano da região do Alto Adige. Seu produtor, Colterenzio, é um dos mais premiados dessa região no norte da Itália. Sua principal virtude é o equilíbrio entre a acidez e o frescor. É um vinho harmonioso e de personalidade, que não pesa como o Chardonnay e não é tão ácido quanto os vinhos à base de Semillon Blanc.
O "Bairrada Vinha Barrosa 95" é um tinto do norte de Portugal, produzido por Luiz Pato, um dos inovadores da cultura de vinho em seu país. Bastante encorpado, vem recebendo altas pontuações pela crítica. O Bairrada tem sabor acentuado de frutas vermelhas como a ameixa, a framboesa e o cassis, além de gosto amadeirado, característico dos vinhos da região.
Um grande vinho italiano que está sendo muito elogiado é o Amarone della Valpolicella. O produtor vêneto Pasqua elaborou um potente Amarone Vignetti Casterna 93 de perfume intenso e gosto prolongado. É um dos vinhos mais encorpados da Itália e pode ainda envelhecer mais dois ou três anos, devendo ficar mais macio e aveludado.
A uva Pinot Noir é uma das mais sensíveis e de difícil plantio. Só apresentava grandiosos resultados na sua terra natal, a Borgonha. Há 20 anos os produtores americanos decidiram apostar na sua produção e já estão colhendo bons frutos. Na Califórnia, o Pinot Noir Julia's Valley 95 é um bom exemplo de êxito nessa aventura. No Estado do Oregon é produzido o Pinot Noir 95, da Domaine Drouhin, considerado o mais francês dos pinot noir americanos. Pronto para beber, é um vinho refinado, com taninos equilibrados e sabor de cerejas e amoras.
e-mail:pferreti@uol.com.br

Onde encontrar
Maison du Vin Tel. 284-7288; Albariño Lagar de Cervera 95, US$ 12,50; Amarone Vigneti Casterna 93, US$ 48,30; Pinot Noir Julia's Valley 95, US$ 50. Mistral. Tel. 283-0006. Bairrada Vinha Barrosa 95, R$ 39,50; Pinot Noir 95 Domaine Drouhin, R$ 49,50. Vinum. Tel. 887-7033. Pinot Bianco Weisshaus linea predium 96 US$ 21.

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