São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997
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cachorros-quentes em São Paulo

DEDORAH GIANNINI

Para os cães, "morrer de calor" não é uma força de expressão, mas algo que realmente pode acontecer. Nas últimas semanas, a temperatura em São Paulo, que ultrapassou os 35 graus, levou inúmeros cães, principalmente sheep dogs, poodles e coolies, a pronto-socorros veterinários. Os sintomas do "estresse térmico" eram respiração ofegante, letargia e, em alguns casos, vômito.
Os cachorros sofrem mais com o calor que os homens, pois não transpiram por meio da pele. A manutenção da temperatura do corpo é feita por meio da respiração.
"Quanto mais quente, mais ofegante fica a respiração do cachorro", diz o veterinário Marcelo Migliano, da Clínica Faria Lima.
Além da respiração acelerada, o dog alemão Romel, 11, tinha parado de comer por causa do calor, quando sua dona, a professora Denise Massoco, 25, resolveu levá-lo à clínica veterinária.
"Ele foi medicado, tomou soro e agora só fica deitado dentro de casa em frente ao ventilador", afirma ela.
De acordo com Migliano, a maioria dos casos de cães que vão parar no hospital acontece durante o fim-de-semana. "Geralmente o dono leva o cachorro para passear no Ibirapuera no horário em que o sol está muito forte, caminha uma longa distância e o animal nem sempre aguenta", diz o veterinário.
Durante um passeio, aos primeiros sinais de cansaço do cão, como deitar no chão, ele orienta que o dono ofereça água e espere o bicho descansar na sombra para continuar a caminhada.
Segundo o veterinário, um labrador chegou a morrer de síndrome de exaustão depois de ter ficado mais de uma hora correndo e brincando embaixo do sol escaldante.
A síndrome de exaustão ocorre quando um animal faz exercícios além de sua capacidade física, aliado a um aumento excessivo da temperatura do corpo (hipertermia), o que ocasiona uma disfunção cardiorrespiratória ou desidratação, que pode levá-lo a morte.
"Prefira passear com o cachorro à noite ou pela manhã, nos dias quentes", orienta Magliano.
Com a alta temperatura, os cachorros também perdem o apetite e procuram ficar em lugares frescos com pisos frios. Uma esguichada de água para refrescar é uma boa idéia, mas banhos diários não são recomendados. "O excesso de banhos pode tirar a oleosidade da pele do animal, acarretando problemas dermatológicos", explica Migliano.
O professor de clínica de cães e gatos Aparecido Antônio Camacho, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária da Unesp, afirma que o banho é indicado apenas quando o cão está sujo.
"Para cães de pelos longos, são indicados banhos semanais. Para os de pelos curtos, a cada 15 dias", diz.
Não esqueça de sempre deixar água disponível e cuidar para que seu cão não queime as patas no asfalto quente.
. Deborah Giannini

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