São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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Patrocínio cultural terá baixa em 98

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A curva ascendente dos investimentos em projetos culturais, desenhada nos últimos três anos, vai cair em 98. É o que dizem empresas que põem dinheiro no setor, produtores culturais e até o Ministério da Cultura. O que não se sabe, ainda, é a altura do tombo.
Até o início do ano, quando entra em vigor a medida provisória que corta os incentivos fiscais pela metade e os de cultura em 20%, o ritmo do setor é de espera e ninguém se arrisca a deflagrar a crise.
Mas, na equação que forma o "sistema de financiamento da cultura", criado pela equipe de Francisco Weffort, há algumas incertezas para 98.
A maior delas é o comportamento das empresas, dependente em grande parte da ocorrência ou não de uma recessão no país. Investidores tradicionais, como é o caso do Unibanco, sinalizam que o total de recursos destinados ao setor pode ser reduzido no ano que vem, de acordo com o tamanho da crise.
Alguns projetos já estão parando, menos por falta de dinheiro do que por falta de definições. A Hoechst, por exemplo, pediu tempo antes de assinar um contrato praticamente fechado de patrocínio com a produtora Grifa Cinematográfica para uma série de documentários mostrando os parques nacionais do país.
"Estávamos para assinar o contrato e a empresa disse 'espere aí, o departamento jurídico quer saber com certeza, com documentos, como vai ficar o incentivo em 98'. Enquanto isso, estamos paralisados", afirmou a coordenadora de projetos Carolina Kotscho.
Alguns, como Yacoff Sarkovas, da Articultura, dizem que nesse momento será possível distinguir as empresas que realmente fazem marketing cultural daquelas que pensam a lei apenas como uma vantagem tributária.
"Para o segundo tipo, vai se tratar de uma questão aritmética, podendo levar a uma dramática competição entre as leis Rouanet e do Audiovisual", afirmou.
O ministério aposta tudo na continuidade da participação da iniciativa privada. Admite que o valor proveniente de cada empresa vai cair, mas trabalha com a hipótese de que novas empresas passarão a utilizar o abatimento.

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