São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 1997
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Mulher dá à luz e mata bebê em avião

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A polícia de Porto Seguro (BA) prendeu ontem em flagrante a agente de cobranças Carla Andréia Dato, 24, acusada de matar por asfixia o próprio filho, que nasceu anteontem durante um vôo da Nordeste Linhas Aéreas de São Paulo para Salvador.
O vôo saiu de São Paulo anteontem pela manhã, fazendo escala em Porto Seguro (BA).
Laudo preliminar do IML (Instituto Médico Legal) Nina Rodrigues, de Salvador, divulgado ontem pela manhã, revela que a criança nasceu com vida e foi asfixiada com papel higiênico. O bebê tinha nove meses de gestação.
Depois de asfixiar o recém-nascido, a agente de cobranças teria jogado o corpo dentro do vaso sanitário do banheiro do avião. Andréia Dato foi a única passageira a descer em Porto Seguro (705 km ao sul de Salvador).
A comissária Renata Mendes de Barros disse que o avião já estava sobrevoando o território baiano quando percebeu que uma passageira estava no banheiro havia mais de meia hora. Ela disse que perguntou à passageira o que estava acontecendo. Andréia Dato teria dito à comissária que estava sofrendo uma forte hemorragia devido à menstruação.
Desconfiada de que houvesse algo errado, a comissária pediu que o banheiro fosse lacrado e submetido a uma vistoria, feita depois que o avião pousou em Salvador.
Quando tentava desentupir o vaso sanitário, um funcionário da Nordeste Linhas Aéreas encontrou o corpo do recém-nascido.
Exame psiquiátrico
A delegada Eliana Teles disse que o trabalho de parto da passageira deve ter começado ainda em São Paulo.
Andréia Dato foi autuada por agentes da PF (Polícia Federal), pois, como o crime de que é acusada (infanticídio) teria acontecido no espaço aéreo brasileiro, a competência é da PF.
Eliana Teles disse que a mulher pode ser condenada a até seis anos de prisão. "Não existe fiança para seu crime e ela só poderá aguardar o julgamento em liberdade por determinação da Justiça."
A delegada disse também que vai pedir um exame psiquiátrico da agente de cobranças. "Queremos saber se ela estava em perfeitas condições mentais quando cometeu o crime."
Até o início da noite de ontem, Andréia Dato permanecia internada em uma clínica de Porto Seguro, sob vigilância de agentes da Polícia Federal. "Ela está sedada desde que foi submetida a uma cirurgia no períneo", disse o médico Carlos Valadão.
Valadão afirmou que acredita na possibilidade de a mulher ter cometido o crime em estado de depressão pós-parto (leia abaixo).
"Esta é apenas uma hipótese, mas o crime só poderá ser esclarecido depois que ela prestar depoimento à polícia."

Colaborou a Reportagem Local

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