São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Jornal considerado insultuoso é apreendido pela PUC do Rio

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Mais 200 exemplares do jornal "O Indivíduo", apreendido na semana passada pela reitoria da PUC/RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), foram impressos e serão distribuídos em outras universidades da cidade.
Os textos publicados no jornal foram considerados insultuosos pela reitoria, principalmente com relação a negros e homossexuais. Todos os exemplares que estavam na universidade foram recolhidos.
"A liberdade de expressão não pode justificar o insulto ou lançar a idéia de ódio contra certos grupos", disse ontem à Folha o reitor da universidade, padre Jesus Hortal, justificando a decisão de apreender os exemplares.
Os quatro alunos responsáveis pela edição do jornal -Álvaro de Carvalho, Sergio Coutinho de Biasi e José Roberto de Barros, do ciclo básico de ciências tecnológicas, e Pedro Sette Câmara (do curso de letras) serão ouvidos hoje pelos vice-reitores comunitário, Augusto Sampaio, e acadêmico, Paulo Fernando Carneiro de Andrade.
Os quatro podem ser punidos, mas, segundo o reitor, não há possibilidade de expulsão. "A meu ver, a falta não é assim tão grave, mas não podemos tolerar certas atitudes que possam provocar inquietação no campus."
Segundo Andrade, as punições -caso a universidade conclua que há necessidade de punição- podem variar de uma advertência verbal a suspensão por até 60 dias.
A polêmica envolvendo a primeira edição do jornal "O Indivíduo" começou no dia 19. Três dos editores distribuíam exemplares no campus quando foram cercados por um grupo de alunos.
"Eles nos chamavam de fascistas, nazistas e outras coisas. Um deles cuspiu no rosto do Sérgio e, quando parecia que íamos ser agredidos, seguranças nos levaram para o gabinete do vice-reitor comunitário", disse Carvalho, 17.
Os quatro alunos decidiram organizar um livro no qual, além de publicar todos os textos da primeira edição de "O Indivíduo", contarão as agressões que afirmam ter sofrido. O grupo estuda ainda a possibilidade de uma medida judicial contra a PUC. "Fomos humilhados e difamados. Não sei como faremos para continuar estudando lá", disse Carvalho.

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