São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Iniciativa reforça nova imagem brasileira

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Os governos do Brasil e do Reino Unido lançarão na quinta-feira um "Plano de Ação Conjunta", pomposo nome para a listagem de meia dúzia de áreas que concentrarão a ênfase do relacionamento.
As áreas incluem desde investimentos até direitos humanos.
O "plano" é um desdobramento e uma atualização da Iniciativa para a América Latina, que o governo britânico lançou ainda na gestão anterior (conservadora).
O novo governo, do trabalhista (social-democrata) Tony Blair, reforçou o plano, ao incluir o Brasil numa lista de dez países que considera estratégicos e preferenciais para a diplomacia britânica.
No fundo, trata-se de um reflexo da crescente percepção na Europa de que o Brasil já é um ator de relativa importância internacional.
A crise nos mercados de câmbio e de valores, aliás, deu a essa percepção uma clareza ainda maior, embora pelo lado negativo.
É a rigor a primeira vez que o Brasil está no centro (ou quase) de um grande processo mundial. Dificilmente passe o dia sem que uma publicação européia cite o país, no contexto da crise global.
A ponto de a revista "The Economist", em editorial da edição da semana passada, ter pedido que os congressistas brasileiros abandonassem as preocupações paroquiais e aprovassem o pacote fiscal, nos seguintes termos: "Eles deveriam estar pensando duro a respeito do mundo, porque os mercados (mundiais) têm estado pensando neles, ceticamente."
Mas o "plano" leva em conta outros dois fatores:
1) O crescente interesse europeu pelo Mercosul, o bloco Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A UE (União Européia) está negociando com o Mercosul a formação de uma zona de livre comércio para o ano de 2005. Caso se constitua, será a maior do mundo.
2) Há, igualmente, crescentes divagações sobre a necessidade de ampliar o G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, para abrigar países que ganham importância relativa, como o Brasil.
No encontro Chirac-FHC, na semana passada, na Guiana, o presidente francês manifestou grande interesse por uma aproximação entre o Brasil e o G-7.
É natural que Blair também discuta o assunto com FHC.(CR)

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