São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
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Explicação; Inverdades; Solução no subsolo; Juros nas nuvens; Infelicidade; Cenas políticas; Crítica preconceituosa; Combustível

Explicação
"A Construtora Andrade Gutierrez lamenta as impropriedades e os equívocos contidos na reportagem 'Doadores de FHC são devedores da União', publicada na pág. 1-13 (Brasil), de 30/11, e em texto da Primeira Página, sob o título 'Governo paga a doadores de FHC'. A empresa repudia as insinuações de favorecimento indevido em virtude de doações de campanha eleitoral feitas legalmente e contesta, também, a afirmação de que é devedora do Banco do Brasil e do INSS.
Em relação ao suposto débito junto ao INSS, a questão está sub judice, não figurando como artifício protelatório, porque a pretensão do órgão previdenciário é cobrar contribuições sobre o lucro distribuído aos empregados -o que constitucionalmente é vedado- e cobrar o seguro de acidente do trabalho pela
alíquota de risco máximo para todos os empregados da construtora, sejam eles de obra, sejam eles de escritório, o que contraria o próprio regulamento do INSS.
Da mesma forma, a questão com o Banco do Brasil originou-se de um débito da República do Congo com o banco, o qual pretende cobrar esse débito da empresa, por entender ser a mesma fiadora daquele país. A legitimidade da pretensão vem sendo objeto de discussão entre as partes.
Relativamente aos recebimentos da empresa, citados pela referida reportagem, deve-se esclarecer que, não obstante estar suspensa pelo Supremo Tribunal Federal a aplicação dos efeitos da inscrição no Cadin, ainda assim os pagamentos efetuados pela União seriam devidos, uma vez que não se enquadram nas proibições contidas nas regras daquele cadastro."
Eduardo Borges de Andrade, diretor-superintendente da Construtora Andrade Gutierrez S.A. (Belo Horizonte, MG)

Inverdades
"Fiquei indignado com as calúnias e ofensas contidas no artigo 'Morte e demagogia na USP', publicado na Folha, na pág. 1-3 (Opinião), de 28/11, de autoria de Ricardo Bonalume Neto contra o presidente da Adusp, Jair Borin. É absurda e irresponsável essa tentativa de denegri-lo publicamente. A liberdade de expressão não pode contemplar a mentira nem a má-fé."
Hamilton Octavio de Souza (São Paulo, SP)
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"Continua sendo fácil para jornalistas destruir a reputação de uma personalidade de domínio público, bastando alguns toques no teclado do computador. Foi o que fez Ricardo Bonalume Neto, na pág. 1-3 (Opinião), da Folha, ao tentar caracterizar o professor Jair Borin como relapso e ausente.
Jair Borin, hoje, continua lecionando, apesar de já ter direito a aposentadoria e a dispensa total de carga didática, como presidente da Associação dos Docentes da USP."
Bernardo Kucinski, professor do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA/USP (São Paulo, SP)

Solução no subsolo
"Sou de opinião que a solução para o Nordeste será a irrigação. Tivéssemos feito os açudes com os seus canais de irrigação, eletrificação rural e bombas centrífugas elétricas em quantidade suficiente, a seca não nos seria espantalho e não nos causaria danos.
Água temos não só armazenada, como também no subsolo. Há poucos anos, uma missão técnica estrangeira que nos visitou constatou que só no subsolo da Serra da Ibiapaba (CE) existe água que daria muitas vezes a quantidade da Baia da Guanabara.
Não compreendo porque o problema da seca ainda não foi solucionado."
Aluizio Filgueiras Lima (Iguatu, CE)

Juros nas nuvens
"O Plano Real estava indo bem: as contas externas sendo pagas em dia; o Tesouro Nacional com uma excelente reserva de dólares; a moeda valorizada; a economia interna se organizando com perspectivas a médio e longo prazos.
O único problema que o Brasil tem é que o governo gasta mais do que arrecada. É uma situação com a qual o país aprendeu a conviver bem, isto é, ela não quebra o governo. O que quebra o nosso país é a subida absurda das taxas de juros, fazendo com que os especuladores internacionais 'lucrem' o equivalente a quase toda a economia do Brasil em poucos dias."
Eugenio Bartolomeu Costa Ferraz (Castanhal, PR)

Infelicidade
"Com referência ao artigo publicado dia 17/11, no caderno Folhateen, escrito pelo jornalista Alvaro Pereira Júnior, com o título 'Raimundos e Planet Hemp têm causas boas e som ruim', ficamos estarrecidos com sua posição.
É um fato lamentável a morte de pessoas no show dos Raimundos, mas não deixa de ser infeliz o comentário 'morrer intoxicada por uma azeitona' e chamar a tragédia de 'morte vã'.
Quanto ao Planet Hemp, o fato de o jornalista não gostar de suas músicas é uma coisa. Agora, dizer que a banda tem como interesse vender discos quando fala sobre maconha é, no mínimo, onisciência."
Eduardo A. Toth, seguem-se mais duas assinaturas (Bauru, SP)

Cenas políticas
"Não me espanta ver o presidente FHC aliando-se a Paulo Maluf sem a menor cerimônia. Em Goiás, o ruralista Ronaldo Caiado tem aparecido na televisão, no horário gratuito do PFL local, para dizer que é o parceiro político preferencial do presidente no Estado. Caiado diz também que o Plano Real é obra dele.
Deve ser por essas e por outras que o governador paulista Mário Covas, a cada dia, fica mais acabrunhado com os descaminhos de FHC, Serjão e cia."
Paulo Bittencourt (Goiânia, GO)

Crítica preconceituosa
"Na edição de 1/11 da Folha, a jornalista Marilene Felinto, que analisou o filme 'A Trégua', premiado pelo público na 21ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ressaltou no seu comentário a má vontade com os judeus em relação à dimensão do Holocausto. Felinto entende que, se o público fosse isento, não sectário, teria escolhido filmes melhores.
A expressão 'profissão de fé', utilizada por Felinto, substitui, na verdade, sectarismo, chauvinismo, provincianismo etc. A jornalista não só está reprovando o espírito de sinagoga e sectário dos judeus. Simplesmente aproveitou mais uma oportunidade para dar vazão ao preconceito e ressentimento."
Luiz Izrael Febrot, diretor do Instituto Cultural Israelita Brasileiro -Icib (São Paulo, SP)

Combustível
"Dia 25 de setembro a Assembléia Legislativa derrubou veto do governador Covas, conseguindo aprovar projeto que proíbe o self-service nos postos de combustível. A rejeição ao veto preserva 46 mil empregos e mais de um terço das empresas do setor.
No mundo do sr. Luís Paulo Rosenberg, em artigo na Folha, na pág. 2-2 (Dinheiro), de 28/10, no entanto, a proibição do self-service é 'mentecapta' e estampa 'uma hilariante comprovação de que o homem descende do macaco'. A medida, ainda segundo a visão discriminatória do articulista, agradará somente 'aos moradores da periferia, nos seus passeios dominicais com o Fusca 68 de seus sonhos...'.
De alguém que se apresenta como professor do ITA se esperaria compreensão do direito que os trabalhadores têm de defender seu emprego da exclusão social, do gueto provocado pela globalização."
Francisco Soares de Souza, presidente da Federação dos Empregados em Postos de Combustíveis do Estado de São Paulo -Fepospetro (São Paulo, SP)

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