São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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Disco tem conceito de ópera

PAULO VIEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Per Amore" tem o conceito de uma ópera. Tenta contar uma história entre a primeira e a 12ª e última faixa. Se, no começo, a intérprete canta a saudade de Nápoles, o final é a esperada volta à cidade desse país "do sol", "do mar" e onde as palavras são "de amor".
Mas nem tudo é dor do exílio. Há temas românticos contemporâneos, como "Caruso", de Lucio Dalla, e "Pace e Serenità", de Pino Danielle.
Zizi impõe arrojo no tom sentimental e derramado que dá à maioria das canções, com seus vocais apoiados em climas de suspensão, por ação das cordas da orquestra e o piano onipresente.
Ela não se furta a manter as pausas e a entonação dramática em vários temas, como em "Caruso".
Baixa o tom em "Senza Fine" (Gino Paoli) e liga o computador em "Scapricciatiello Mio" (Albano-Vento) e "Torero" (Carosone-Hoffman-Manning-Salerno), o que a aproxima dos palcos de cantina. Nada a reclamar: não fossem esses momentos de música ligeira, tudo soaria como a faixa-título, com a voz bem à frente, o piano na intermediária, os violinos e oboés por trás. Preparem os lenços: até uma harpa aparece lá pelo fim.
Na estapafúrdia hipótese de uma boa acolhida do disco pelas rádios, Zizi seria responsável pelo primeiro verão brasileiro em andamento de adágio.
(PV)

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