São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Lula quer protestos contra desemprego

Ato em SP reúne menos gente que o esperado

BERNARDINO FURTADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O provável candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu ontem a organização de acampamentos de desempregados na frente do Palácio do Planalto, das sedes de governos estaduais, de prefeituras e de entidades empresariais como a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Segundo Lula, essa seria a forma de tirar o desempregado de casa e obrigar os governos e os empresários a buscar saídas para o aumento do desemprego no país. A proposta foi feita por Lula no discurso de encerramento do ato de protesto contra o pacote fiscal e o desemprego realizada ontem na praça da Sé, na região central de São Paulo.
A manifestação reuniu apenas 4.000 pessoas, segundo os organizadores -a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a CMP (Central de Movimentos Populares) e partidos de esquerda- e 2.000, segundo a Polícia Militar. Os organizadores previram anteontem que de 8.000 a 10 mil pessoas participariam do protesto.
O próprio Lula reconheceu que o número de manifestantes era baixo e a dificuldade enfrentada atualmente pelo movimento sindical e pelos partidos de esquerda de reeditar as grandes manifestações de rua do passado, como os próprios comícios da campanha presidencial de 1989.
Na opinião de Lula, era de esperar que uma manifestação contra o desemprego em São Paulo reunisse pelo menos parte considerável dos milhões de desempregados paulistas. "O problema é que, logo no primeiro mês depois de perder o emprego, o trabalhador fica com vergonha de sair de casa", disse.
Lula afirmou que a situação poderá mudar, se a CUT e o PT mudarem sua política. "Vamos pegar os desempregados e pedir que se apresentem. Vamos começar a montar acampamentos de desempregados na frente da Fiesp, do Palácio do Planalto, da prefeitura. Vamos botar barracas na avenida Paulista".
A manifestação de ontem serviu de abertura para o Encontro Popular contra o Neoliberalismo, que a CUT e a CMP vão promover amanhã no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. O encontro ocorre num momento delicado para a CUT, que tenta resistir à redução de salários e jornada de trabalho em troca da manutenção de empregos, proposta feita pela Volkswagen e pelo Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores).
O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, reagiu: "Essa elite covarde não tem compromisso com o social".

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