São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Rapaz com Down mobiliza condomínio

Vizinhos pedem tratamento especial

DA SUCURSAL DO RIO

A situação de um adolescente portador de síndrome de Down (deficiência mental popularmente conhecida como mongolismo) está causando polêmica entre os moradores da rua Heber de Boscoli, em Vila Isabel (zona norte do Rio).
Um grupo de vizinhos entrou na Justiça pedindo que David Carvalhal Santos, 17, seja submetido a tratamento especializado para a doença, o que não ocorre hoje.
Segundo eles, o rapaz não recebe a devida atenção dos pais, Sidney Santos de Souza, 58, e Ilma Carvalhal, 50, o que o levaria a atitudes como perambular pela rua desacompanhado de madrugada e beber água de poças no chão.
Além disso, afirmam, David faz muito barulho à noite, seja chorando e gritando, seja vendo televisão com um volume muito acima do normal."Mas o incômodo não é o barulho, e sim ver que existe uma criança naquelas condições", afirma a vizinha Márcia Carvalho Rodrigues, uma das autoras da ação encaminhada à Justiça.
Os pais de David dizem que tentam criar o filho da maneira mais próxima possível do normal. "Procuramos reprimir o mínimo, para ele se desenvolver o máximo", afirma o pai.
David já teve aulas de fonoaudiologia e foi submetido a um trabalho de natação para o fortalecimento muscular. Também já foi matriculado em escolas da rede pública, mas acabou não ficando.
Desde setembro, frequenta um instituto municipal de assistência a portadores de deficiência, onde o objetivo é a integração social.
A vizinha do andar de cima, Ângela Passarelli, diz que o rapaz não atrapalha. "Há dias em que ele está mais agitado e troca o dia pela noite, mas não chega a incomodar. Cláudia Medeiros, que liderou a ação que pede tratamento para David e é inquilina da família do rapaz no mesmo prédio, afirmou na queixa encaminhada em outubro à 20ª Delegacia Policial: "Ilma omitiu-me o fato de ser mãe de um filho com síndrome de Down, o que não constituiria um problema em si se o rapaz não apresentasse as características supracitadas", ou seja, ser "extremamente violento e barulhento".
A Folha tentou falar com Cláudia Medeiros ontem à tarde, mas ninguém apareceu para atender à porta de sua casa.

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