São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Ladrões ficam amigos de vítima

ESPECIAL PARA A FOLHA

Como exemplo do que seria viver sem o sistema penal, Louk Hulsman conta uma história da qual foi personagem.
Há alguns anos, três furtos aconteceram em sua casa. Os ladrões também destruíram vários objetos e quebraram ovos por toda a casa.
Hulsman chamou a polícia. Tiraram impressões digitais e disseram que os culpados eram provavelmente três jovens. O professor pediu, caso encontrassem os responsáveis, para falar com eles.
Algum tempo depois, a polícia informou que localizara os culpados: eram dois jovens de 16 anos e um de 17.
Foi falar com eles e, no começo, a comunicação foi difícil. Levou-os para sua casa, junto com os pais, que estavam ansiosos e não entendiam direito o que ocorrera.
Mas a conversa acabou fluindo. Os rapazes concordaram que estavam errados e eles, mais os pais, ajudaram a consertar o que tinham quebrado na casa.
Depois, os rapazes passaram a ir aos domingos à casa do professor para cuidar do jardim. E começaram também a aparecer noutros dias da semana para conversar. Ficaram amigos.
Algum tempo antes do julgamento dos rapazes, Hulsman tentou livrá-los do processo penal, mas a promotora não aceitou.
"O juiz foi compreensivo, pois o caso estava resolvido. A experiência foi rica para mim e recuperadora para os agressores. No sistema penal, provavelmente, não seria dessa forma."

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