São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Químicos da Kolynos decidem parar

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Funcionários da Kolynos do Brasil entraram em greve ontem para protestar contra a demissão de 163 dos 2.000 trabalhadores da empresa, em São Bernardo (Grande São Paulo).
A produção da empresa, que fabrica produtos de higiene bucal, foi totalmente paralisada. Foram demitidos 112 pessoas da produção e 51 da área de limpeza, que será terceirizada.
O presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Sérgio Novais, 39, disse que os trabalhadores rejeitaram, por considerarem "insuficiente", o pacote de benefícios apresentado pela empresa.
Eles reivindicam que a Kolynos abra negociações com a categoria, priorizando um programa de demissões voluntárias. Segundo Novais, a greve deve durar até a empresa abrir negociação.
O gerente de Eficácia Organizacional da empresa, Antônio Tupy, 50, disse que os demitidos foram escolhidos entre os funcionários com "menor possibilidade de se adaptar às novas tecnologias" da Kolynos.
"Se abríssemos programa de demissões voluntárias, corríamos o risco de perder pessoas nas quais investimos e preparamos."
Ele negou que as demissões tenham ocorrido devido aos reflexos do pacote econômico do governo. "Estamos reestruturando a produção e readequando nosso quadro de funcionários", disse.
Segundo ele, o processo de reestruturação da Kolynos vem acontecendo há mais de dois anos. A Kolynos não fornece dados sobre produção nem investimentos da empresa.
Novais disse, porém, que a Kolynos produz 180 toneladas por dia somente de creme dental branco. Ele não soube informar a produção total da empresa.
O pacote de benefícios prevê um salário para cada três anos de trabalho, abono de R$ 250 e seis meses de assistência médica e cesta básica, além dos direitos rescisórios.
A Kolynos distribuiu um manual de orientação para os demitidos e montou uma central de atendimento para orientá-los. A central começa a funcionar no próximo dia 15 por um período de quatro meses.
A empresa ainda deu garantia de estabilidade até o final de fevereiro para os funcionários que ficaram na fábrica.
Novais disse que a última grande greve deflagrada pela categoria no ABCD foi em junho de 95, quando os funcionários da CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) pararam durante 21 dias para protestar contra demissões e falta de segurança no trabalho.
Segundo ele, devido à paralisação, a empresa (que produz munição) aceitou rever a demissão de 80 trabalhadores.

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