São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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'Câmbio vira camisa-de-força'

DA SUCURSAL DO RIO

Ao insistir no "mito" da âncora cambial, "o governo está criando uma camisa-de-força para si mesmo", disse ontem o diretor do Banco Pactual, Paulo Guedes, no 4º Encontro Nacional sobre Mercados Financeiros, na FGV (Fundação Getúlio Vargas), no Rio.
"O governo vai ter que desvalorizar o real em algum momento, o que não será ruim para o país, mas diz tanto que não pode fazer que, quando isso acontecer, vão achar que o Brasil acabou", afirmou.
A saída possível, segundo Guedes, é a "fundamental": avançar nas reformas e criar um ambiente propício à desvalorização cambial sem gerar inflação. "A meta é o câmbio flexível", disse.
Para ele, o governo "está confundindo a defesa de um programa de estabilização com a defesa da paridade (cambial)".
O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore defendeu o mesmo princípio do câmbio flutuante, mas disse que, se o Brasil o adotasse hoje, aumentaria muito a volatilidade do câmbio.
"Só um ambiente estável viabiliza o controle de um câmbio flexível", disse Pastore.
Segundo Pastore, o câmbio virou o símbolo do Real. "É o 'eterno enquanto dure', que precisa ser fixo para dar credibilidade ao programa de estabilização", disse.
O ex-presidente do BC afirmou, no entanto, que o câmbio e as taxas de juros são mecanismos de controle do governo sobre o fluxo de capitais.
Para o ex-presidente do BC Gustavo Loyola, todos os países, incluindo os do G7 -o grupo das sete economias mais fortes do mundo-, podem sentir os efeitos sistêmicos da crise financeira mundial. "Só não sabemos quando ela chega."
Loyola disse que, apesar de o déficit fiscal ser o ponto fraco do governo, as medidas tomadas (pacote de ajuste fiscal) são adequadas ao momento e vão ajudar a superar a crise.
Para o ex-diretor do BC Alkimar Moura, a crise financeira internacional vai acelerar o processo de fusões e aquisições no mercado nacional. Ele disse também que haverá uma tendência maior de abertura aos bancos estrangeiros.

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