São Paulo, sábado, 6 de dezembro de 1997
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Brasil perdeu um notável escritor 'desconhecido'

JOÃO DE SCANTIMBURGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Bernardo Élis é exemplo típico de grande escritor desconhecido ou conhecido apenas de seus confrades acadêmicos, e nem todos, e de seus conterrâneos, interessados em literatura. Escritor regionalista, nascido em Goiás e radicado durante quase a vida inteira em Goiânia, ali produziu toda a sua obra.
Romancista, com "O Tronco", o único que escreveu, colocou-se, no entanto, como um mestre no gênero.
Domina o enredo como os legendários diretores de cinema conduziam a história que narravam.
Para Francisco de Assis Barbosa, que o prefaciou, "O Tronco" é, mesmo, um romance cinematográfico, por sua trama e a emoção que desperta no leitor.
Ficou, porém, somente num romance, o escritor Bernardo Élis. Sua vocação literária manifestou-se nos contos, gênero no qual se situa entre os maiores cultores do Brasil.
Ainda recentemente foi editada uma seleção de seus contos.
Bernardo Élis, no regionalismo, inclui-se na categoria do primeiro Afonso Arinos e de Guimarães Rosa, para citar dois mestres ao lado dos quais faz boa figura. Sua obra foi fartamente estudada por críticos e historiadores da literatura.
Quando, pois, se apresentou à Academia Brasileira de Letras, para disputar a vaga aberta com a morte do escritor, historiador, filósofo Ivan Lins, tinha bagagem opulenta que o recomendava. Enfrentou um candidato eminente, Juscelino Kubitschek, que deveria entrar na Academia como expoente.
O pleito foi renhido, saindo vencedor Bernardo Élis por um voto, 20 a 19.
O Brasil perdeu, portanto, um notável escritor. Morreu aos 82 anos, completados no dia 15 de novembro.

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